ESTOU TE ESPERANDO
Gostaria de receber em minha casa a visita de uma amiga muito querida, uma eterna apaixonada e dona de um coração cheio de saudade de um grande amor que viveu, que persiste e a mantém prisioneira de um passado, que não consegue se libertar; para isso estou imaginando o cenário: chuva o dia todo, protegido da chuva num galho de uma roseira um beija-flor, de noite uma lua cheia com céu estrelado. Música? Pode ser as de Renato Russo. Sobre a mesa posta um hambúrguer, mostarda, ketchup e uma coca zero. Além do guardanapo eu faria um canudo com a cópia de uma crônica da escritora Dolce Vita, sob o título “Essa Tal Felicidade”, que começa assim:
“Se ao responder esta questão pensou antes em alguém (presente ou ausente de sua vida), sua felicidade corre sérios riscos”.
Claro que eu capricharia num laço cor-de-rosa nesse canudo para chamar a atenção da minha amiga.
O que eu “serviria” como tema para a nossa conversa? Fragmentos da crônica da Dolce Vita, que já me referi, tais como...
“ A sensação de plenitude infantil está preservada em nossa memória afetiva. O corpo registra todos os efeitos do afeto. Guardamos os sinais que serão tocados pela paixão e através dela, relembramos o prazer que um dia nos fez sentir o centro do mundo”.
OU...
“Você ama porque se recorda. E ama melhor quando entende não ser a mesma criança”.
E por que escolheria a crônica da Dolce para servir de tema da nossa conversa? Explico: nada mais teria a acrescentar para que a minha amiga entendesse “ESSA TAL FELICIDADE”.
Será que a Lu vem...?