A magia das luzes natalinas
Para mim, o Natal era a festa mais importante do ano. Tinha um significado mágico. No Natal tudo era possível e todo sonho se tornava real. E como era bom ser criança e acreditar em Papai-Noel!
Família reunida, comida farta e gostosa, oportunidade única de receber presentes, missa do galo, sinos, melodias e enfeites de todos os tipos.
Apesar de comemorar o nascimento do menino Jesus, o 25 de dezembro trazia consigo uma certa tristeza. As músicas natalinas não são festivas, pelo contrário, são tristes. E é nesta data também que nos lembramos das pessoas que já não estão entre nós, visto que a data tem por si o dom de agregar as pessoas da família e reunir os amigos. E quando um deles se vai, fica a saudade e a lembrança de um lugar vazio à mesa.
As pessoas ficam mais suscetíveis à caridade, todos se lembram da criança de rua, da família carente, do mendigo e uma espécie de sentimento de culpa chega a nos perturbar diante de um banquete natalino, de risos e de festejos.
Tive a oportunidade, ainda na primeira infância, de contemplar a beleza das ruas paulistanas no mês de dezembro. O colorido de todas as luzes, anjos que flutuavam sobre os arranha-céus, Papais-Noéis conduzindo seus trenós puxados por renas, árvores iluminadas e gigantescas, tudo isso era, para um menino da roça como eu, um paraíso indescritível. Meu olhar ficava paralisado diante de tanta novidade. Às vezes, minha respiração chegava a ofuscar a visão, mas imediatamente eu passava a mão diante do vidro do carro para ter de volta aquele espetáculo mágico. Se dependesse de mim, naquela noite, esses passeios seriam intermináveis. Enquanto o motorista, que era meu irmão mais velho, reclamava da lentidão do trânsito, eu me divertia com a possibilidade de prolongar aqueles bons momentos. E depois, quando chegávamos em casa e eu ia dormir, fechava os olhos, mas aquela imensidão de luzes de todas as cores contuavam acesas e piscando dentro do meu quarto até o momento em que eu finalmente adormecia.