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            O QUINTO MISTÉRIO


Publicado há alguns anos no Jornal
Comércio da Franca

Saímos de casa felizes, minha mãe e eu ainda pequena. Naquele final dos anos cinquenta, eu tinha ainda cinco anos.
Fomos passear, fazer compras. Minha mãe me arrumava com capricho e eu ia vestida com saia bem rodada e o corpinho do vestido era enfeitado de passamanaria...
A cidade de clima frio, onde morávamos era distante daqui, formou-se entre as encostas de um vale, e declives e aclives desde cedo foram paisagens naturais na vida dos habitantes dali.
A população era constituída em grande parte por imigrantes espanhois, alemães, italianos e vários japoneses. Existia até uma família de armênios, com suas esfirras deliciosas.
Figuras interessantes eram comuns no lugar. Um senhor de idade tinha o hábito de passear pelas ruas com seu terno azul marinho e o inseparável chapéu de feltro...
Eu e minha mãe passávamos então ali, na praça da Igreja, única do lugar, e mamãe resolveu entrar para rezar um pouco. Eu disse a ela que não podia ir junto, pois estava tomando sorvete e então combinamos que eu a esperaria sentada no banco da praça.
Fiquei tranquila ali, lembro-me bem, mas logo depois uma coleguinha minha passou por lá e me convidou para ir brincar em sua casa.
Como ela morava encostado à Igreja, resolvi aceitar. Ficamos por ali brincando no alpendre da casa. Quando minha mãe saiu, não me encontrou. E eu distraída não a vi sair...
Na praça da cidade havia um alto-falante e minha mãe resolveu chamar-me através dele.
Um homem com voz possante dizia: Ádria volte para casa que sua mãe está esperando!
Como a cidade era muito pequena e todos se conheciam, logo passou um rapaz que trabalhava com meu pai e me avisou da aflição de minha mãe.
Mais do que depressa tratei de ir para casa e tudo ficou bem...
Todos se esqueceram do incidente ocorrido, menos o velhinho de paletó azul que quando se esncontrava comigo naquele sobe e desce de ruas e alamedas, e até na grande ponte que ligava os dois lados da cidade, de longe me dizia:
-Fujona, fujona!...
Esta passagem de minha vida me faz lembrar aquela outra que consta
dos evangelhos e faz parte dos Mistérios Gozosos: Quando Jesus ficou no templo e seus pais voltaram para casa sem que percebessem sua ausência; e depois o reencontro de Jesus e sua frase: "Por que vos preocupeis, não sabeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" E ele crescia em sabedoria e graça..

Penso então em todas as mães que aguardam ansiosas a volta de seus filhos todos os dias; da escola, do trabalho,dos passeios à noite. Penso nas aflições pois também sou mãe de um casal de jovens. E sei o quanto é bom abraçar os filhos quando eles retornam. E sei quanto é Divino e misterioso vê-los crescer em sabedoria e graça. E que é só o queremos: que eles adquiram sabedoria, muito mais do que a que se aprende na escola; sobretudo a que se aprende nos evangelhos, com os mistérios da vida de Jesus e que eles possam possuir a graça de passar pela vida e pelos mistérios da vida até chegar na Glória de Deus.

A todas as mães dedico hoje estas linhas e envio a elas meu carinho e gratidão. Dêem a seus filhos uma infância feliz!!!


                   
Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 22/07/2009
Reeditado em 23/09/2016
Código do texto: T1713394
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