Pum: O Grande Momento de um Namoro.
Namorar é talvez uma das melhores coisas que podem acontecer na vida de um adolescente, mais ainda se esse morar em uma cidade do interior, cidade pequena eu diria, onde não tem muito que se fazer, sendo, arrumar uma namorada pode então ser um ótimo entretenimento.
É interessante como a coisa começa, hoje em dia com a modernidade, o que não é mais segredo pra ninguém, começa-se com uma “ficada”, o meu começou assim; eu que não sou tão antigo, não consigo imaginar como se começaria um namoro sem as típicas “ficadas”. Ta... tenho certa noção da coisa, mas que deve ser estranho, isso deve. Pois bem, comigo a coisa não foi diferente, iniciei um namoro como uma das típicas “ficadas”, muito estranho a primeira vez que você “fica”, é algo meio frio, algo sem importância, a não ser que você tenha segundas intenções, no meu caso eu não tinha. E após, se não me falhe a memória, quinze dias “ficando” acabo por pedir a dita cuja em namoro, hoje minha ex-namorada, então amiga: Débora. Sim... acho algo meio estúpido de você romper os laços com uma pessoa na qual namorou, a não ser que a separação venha devido a traição ou coisa do tipo; você quer queira quer não, tem uma historia ao lado de tal pessoa, tem-se momentos vivido. No meu caso a forma que se fez por acabar o meu namoro, eu não deveria “virar a cara” para aquela que passou seis anos ao meu lado. Mas essa historia não vem ao caso, voltemos aos namoros...
Às vezes gosto de observar casais de namorados. É estranho e ao mesmo tempo engraçadíssimo como a coisa funciona, no começo do namoro quando ambos não tem intimidade um com o outro é aquela coisa respeitosa, qualquer coisa que vá se fazer é um “por favor”, “com licença”, tem que impressionar o parceiro... Com o tempo, passam-se pela fase que podemos dizer é uma das mais ridículas (quero deixar claro que apesar do termo ridículo, essa fase é uma fase muito gostosa), a fase da criancinha, ou “quíancinha” se preferirem. É aquela fase em que ambos imitam nenéns, crianças, é cômico mas é real, vai falar que você em algum namoro nunca imitou um nenê, e até birra fez... Claro que sim! Tem “nenê” que até engatinha, outros babam, a minha babava. Penso eu que tais fases são importantes, é como um nascimento, a coisa esta nascendo, vem como nenê, vai se transformando, se solidificando, você passa a fazer comidinhas logo depois; algo para se pegar mais intimidade um com outro, algo natural... Coisas do amor.
Outra coisa que eu acho interessante em namoros é o fato de que com o passar do tempo, vão-se perdendo a vergonha, a intimidade vai aparecendo e ai pronto, é nesse ponto que se descobre se um casal é ou não feito um para o outro, naquele momento em que vivem. É ai que começa as piadinhas, por vezes solta-se aquelas mais picantes, com segundas intenções. É ai que tudo começa meu amigo...
Lembro-me, nesse namoro que tive com a Débora que um dia estávamos sentados em frente a minha casa, cidade do interior, domingão, não tem muito que se fazer: chupar um sorvete, dar uma volta, conversar. Estávamos sentados um do lado do outro, quando eu lhe lanço a pergunta:
__ Mor (o “mor”, não de morfética, mas um diminutivo de amor, também já é algo que indica que uma intimidade esta começando), você não tem vontade de faze pum quando esta perto de mim?
A resposta:
__ Ah... Eu tenho, mas sei lá, fico com vergonha...
Então:
__ Não precisa ter, já estamos a dois anos juntos, acho que já passamos da fase da vergonha né? Nada a vê nenê!
E ao término de minha frase só pude escutar um estrondo, arregalei os olhos... mas foi um pum alto, puta estrondão, não imaginaria que aquele pequeno corpo fosse capaz de tamanho som, estranhei afinal ela era o então o “nenê”. Tentei segurar o riso, não queria deixá-la constrangida: ela deveria estar segurando aquele pum há tempos, pois foi à conta de eu falar e já soltou o danado. Acho que fiz bem em fazer aquela pergunta... Dei só uma risadinha, não poderia deixar barato, afinal foi engraçado... E mesmo assim ela ficou sem jeito. Normal, eu acho... o primeiro pum.
Meses vão se passando, puns vão rolando, agora também se tem os arrotos, diga-se de passagem, ela arrotava e alto também, intimidade... intimidade... Uma vez eu mais ela comendo alguma coisa na cozinha de casa, somente nós dois meu pai na sala e ela solta um puta arrotásso, um de profissional, alto, estridente...
Um – Credo Rodrigo!!! – Foi imediato. (esquecera do “Mô” (ela falava Mô, e não “mor”, também diminutivo), ou melhor, não falara de propósito, anunciara meu nome para que meu pai, que estava na sala, pensasse que eu havia dado aquele arroto fenomenal).
Eu, para não deixá-la com vergonha, assumi:
__ Ah... Foi sem quere, escapo!!!
Algo que me intriga, não sei se todos casais de namorados passam por isso é o fato de fazer coco, ela nunca, mas nunca havia feito coco em minha casa. Eu achava estranhíssimo aquilo, afinal ela ficara muito tempo lá comigo em minha casa, vez por outra ficávamos a tarde toda juntos e nunca fazia coco:
__ Por que você não faz coco aqui em casa?
Ela:
__ Ah... Eu não tenho vontade...
E assim ficou não tinha vontade então tá... Certa vez em que passamos por um perrengue danado, que nos deixou preocupadíssimo, e ela mais ainda com o intestino solto, morrendo de vergonha teve de fazer coco no banheiro de minha casa, fora a primeira e única vez se não me engano que ela fez coco em minha casa, já eu em seis anos de namoro, no máximo, fiz um xixizinho na casa dela. É assim que a coisa flui, é natural na vida de duas pessoas...
Depois creio eu que vem a fase das comidinhas... Ah... Com certeza essa fase eu adorava... Confesso que fui eu quem começou cozinhando, certa vez sem nada pra fazer eu peguei uma receita de minha mãe de esfirras, liguei comunicando: “Hoje irei fazer esfirras como aquelas que a minha mãe faz que você adora...”. Fiz, deu certinho, fico parecidíssima com a da minha mãe, ela adorou. Logo ela também não deixará barato e certa vez se pôs a fazer lanches, não puxando o saco, mas os lanches da Débora renderiam um bom dinheiro. Eram muito gostosos e tinha direito de até pedir os ingredientes desejados. Os bolos então, nem se fala... Pareciam feitos por profissionais, coisa que deixava muitas confeitarias pra trás.
Porém... Pum se vai e pum se vem e nosso namoro acaba como já lhes disse sem ressentimentos, hoje somos bons amigos e se deixar passamos um bom tempo conversando... Se um precisa de um conselho, logo se tem a quem recorrer. E com esse tempo que se passou, já a mais de um ano largados, eu a passeio por Auriflama (estava morando em Brasília na época), vou até sua casa conversar um pouco, e acreditem se quiser... Quando estou indo embora, ela me abraça, se despede e ouço aquele estrondo, aquele pum, um punzão pra ninguém botar defeito que por anos havia ouvindo... Mesmo depois de largados havia feito pum, será que ainda temos alguma intimidade? Ou os puns ficam?