Pessimismo

Estou cansada. Meus olhos semicerrados me expõem à opinião alheia, tão pouco influente em minha vida, já que esta se encerra antes de chegar até mim. Palavras estas que me fogem quando mais preciso delas. Sinto-me excluída, esquecida, odiada. Coisas que não fazem diferença quando estou com quem bem me quer. Quando são os que mal me querem que me cercam, sinto-me como um beduíno que fôra abandonado no deserto, sem pão ou água.

"Fodam-se todos!" é o que eu deveria dizer. É também o que eu tenho vontade de dizer. Não faço questão de ser amada, se eu fosse ao menos respeitada... Sem que eu percebesse, essa exclusão social na qual me instalei, consome-me a cada dia, tomando-me os meus direitos, que era justamente o que eu queria conquistar quando tudo começou.

A pólvora que agora corre em minhas veias apoderou-se de minha consciência, transformando a minha paciência em lembrança do passado. Hoje sou arisca, irritadiça e mal-humorada em minha essência. Não grite nem me humilhe, ou posso mudar o meu perfil mais uma vez e em poucos segundos ser justamente o meu oposto.