São Paulo 51
São Paulo 51.
Eu 18 anos.
Meu amigo tinha um Chevrolet Belair, duas portas, sem coluna.
Outro tinha um MG verde bandeira.
Eu tinha uma Lambreta que fazia ainda mais sucesso.
Eu, em uma jaqueta preta de couro era um James Dean do pedaço.
Estudava no Colégio São Paulo de Piratininga na Rua da Consolação perto da Praça General Osório. Saudosa praça de furtivos beijos em moreninhas e loirinhas nada burras, até bem espertinhas pra época.
Eram douradas a meus olhos e seriam minhas amadas por toda a vida.
E eu seria o único homem em suas vidas .
Na garupa da Lambreta , elas me davam abraços apertadinhos que transferiam seus perfumes de Lavanda.
Na porta do Sacre Coer de Marie elas pareciam um alegre bando de andorinhas falantes.
Mas era so para admirar e receber olhares e sorrisos atrevidos cheios de paixão. As freiras marcavam pesado.
Aos sabados era uma festa, sempre tinha um bailinho na casa de alguém, geralmente das garotas.
Sob a vigilância severa dos pais e avós.
Logo que a vitrola derramava boleros e Fox trot, os pares corriam disfarçadamente para o único momento do namoro que era permitido os abraços.Era a gloria, difícil era disfarçar o entusiasmo dentro das calças.
Surgiu o paletó de cortinho atrás primeiro um corte, depois dois, a coisa mas elegante que podia existir.
Elas com saias plissadas ensaiavam o rock ao som de Bil Harley, como o cometa.Os passos eram inventados na ora ou copiados dos musicais de Hollyood
Tudo era festa, mesmo quando peguei uma febre escarlatina e minhas amigas, amigos e namorada vierem me visitar.
Todo mundo pegou a febre e eu de castigo não fui convidado para nenhuma festa por um mês.
Meu primeiro verso de amor foi para Ivete, ela evidentemente adorou e mostrou a toda a turma. Fui sucesso como poeta.
Me lembro ainda hoje desse primeiro verso:
Ela é linda, muito formosa
Nem o grande Dante descreveria essa rosa.
Uma visita a zona do meretrício merecia um falso bigode e um chapéu.
Alem de horas na esquina para ganhar coragem.
Pagávamos por um falso amor e quase sempre nos apaixonávamos por
elas e prometíamos casamento, que nunca vieram, tal a oferta de matrimônios que elas recebiam.
Hoje o carros rabo de peixe estão em museus ou em coloções de saudosistas .
A mim, so restou uma foto amarelada onde todo mundo era feliz !