QUOTIDIANA LEMBRANÇA

Não sei se foi sempre assim, porém, atualmente é difícil de se ter um amigo.

Dizer de outros tempos, porque já estou na sétima década, com certeza, vou correr o risco de deixar-me levar pelo saudosismo. Pior ainda seria comparar os tempos, o de agora com o já vivido.

É provável de ter ocorrido, desde que o homem desenvolveu o uso da razão, ter-se atrelado à nova situação o princípio do azedume dos relacionamentos entre os representantes da espécie. Daí, em alguns semelhantes, o levar alguma vantagem de seu próximo começou a ter seus primórdios.

Partindo desta hipótese, a situação que temos hoje, pode ser fruto do surgimento e posterior desenvolvimento de uma sub espécie, que embora atualmente seja muito conhecida, mesmo sem comprovação científica, a "homo sapiens spertus", passou a tirar vantagens dos demais. Então, a maioria, na época, por motivos de defesa e precaução, formou a sub espécie "homo sapiens amicus".

Esta última, opondo-se à primeira, deve ter permanecido por longo tempo na maior felicidade, usufruindo de uma relação amena, com plena reciprocidade, ações dignas, tudo em paz, sem um mínimo de animosidades.

Mas tal comportamento foi sendo paulatinamente minado pelos indivíduos representantes da "spertus", e consequentemente superado em grande maioria através dos tempos, e foi deixando os "amicus" em extinção.

Tão raro se tornou encontrar um representante genuinamente “amicus” que surgiu a necessidade de se apontar no calendário, um dia especial para lembrá-lo.

Porém, no caso de se ter a sorte e a felicidade de um convívio sadio com um representante “amicus”, por que esperar o dia aprazado para lembrá-lo?

Marcos Costa Filho
Enviado por Marcos Costa Filho em 20/07/2009
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