COM A MESMA VISÃO DE SEMPRE

Como seria imaginar um mundo cego? Seria mais ou menos como o aceitamos ao fingirmos de cegos para tantas coisas? Não vou procurar saber lendo estudos a respeito. Vou divagar entre o que vejo e não vejo direito. Pelo menos nunca me senti cega em sonhos ou cega de tantos sonhos.

Mas como é fingir-se de cego numa terra tropicalmente brasileira? Atualmente a cegueira tem abrangido outras áreas dos demais sentidos. Não se enxerga, não se ouve, não se escreve mais como antigamente e mal se lê. Mas engraçado é que os números dos diplomados aumentarão. Estão arrumando uma forma de graduar a todos não importa se sua letra é cega ou não.

Enquanto isso acho que estou vendo os fantasmas das minhas linhas. Olho eu ali me erguendo... Querendo enxergar sem enxergar direito. Meu Deus! O que está acontecendo comigo? Dagger! Meu filho, onde está você? Você está me vendo? Está me ouvindo? Ou também está perdendo a visão das coisas? Onde você está? Responda por favor!

Aqui já não se enxerga muito. Será que é o meu espírito de luz que permanece vivo? E você, meu menino, ainda me ouve? Será que eu morri na fogueira das cegas paixões no dia em que lhe criei? Ou lhe criei para melhorar este pobre mundo? Carregue as noções de vida que lhe dei.

Você não veio ao mundo para ser mal alfabetizado. E tão pouco para fazer pouco caso dos sábios e competentes. Desejo que trilhe os caminhos honrosos da educação que um grande homem almeja. Você se destina a ser fino, meu filho. Conserva aí seus belos olhos e coração. Enxerga tudo, meu filho, até a ilusão.

- Você está sonhando?! - Dagger?!
– Sim, quem mais te enxergaria no meio de um sonho branco?!
- Você está me enxergando como eu estou te enxergando?!
- Claro que não! Você está linda neste pijama novo e eu estou o mesmo de sempre.

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Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 20/07/2009
Reeditado em 29/07/2009
Código do texto: T1709349
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