Ver é bom, mas o essencial é invisível

Não quero estar cega a injustiças e maldades, nem à ignorância e ao sofrimento dos meus semelhantes. Tampouco aos problemas familiares e os do mundo em geral. Tenho muita pena de quem não pode ver e raiva daqueles que não querem enxergar. Ser cego de nascença deve ser horrível. Viver sempre na escuridão, só a imaginar o que lhes contam. Nem sei como imaginam. Dizem que eles têm a sensibilidade mais aguçada, percebem tudo pelo tato, ouvem melhor. Mas não podem ver borboletas e flores com suas lindas cores, crianças sorrindo de olhinhos brilhantes, nem praias e o mar ondulante. Sem contar o céu azul e a luz do sol, tanto a clara do meio-dia, como aquela do entardecer. Além de estrelas cintilantes e o prateado do luar. E tantas outras belezas desse mundo sem fim. Coisas, enfim, a que nem sempre damos valor, que nos passam despercebidas quando mergulhados estamos na cotidiana lida.

Como enxergar é bom! Mesmo que seja de óculos, embora não se enxergue apenas com os olhos. Podemos ver também, e muito bem, com o coração. Quando nos achegamos aos outros, tocando-lhes o sentimento, compartilhando alegrias ou aliviando sofrimentos.

“Não se vê bem senão com o coração, o essencial é invisível para os olhos”, já dizia a raposa ao Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry.