ALLEZ LE BLEU.

     A nossa seleção de futebol, cheia de valores individuais, esqueceu há muito o significado da palavra time. Explicam os dicionários que: “time”, é um conjunto de indivíduos, associados em uma ação comum, com vista a determinado fim. Mas não podemos criticar os nossos mercenários da bola, tal qual a grande maioria de nossa população, não possuem o discernimento necessário, são as vitimas de nossa colonização, representam a escória social resultante da miscigenação de nossos ascendentes de além-mar, são os nascidos nos canaviais e cafezais dos séculos passados, compõem uma sociedade maior e a parte, são os excluídos, em sua nova denominação.

     Inebriados com o próprio sucesso, nossos ricos  jogadores antagonizam os malabaristas de semáforos, muito em moda hoje em dia, nos cruzamentos de nossas grandes cidades, ajudando a banalizar o circo. Esta é a nossa realidade, o nosso país, tendo a frente como abre-alas nossa elite mentora desse abismo social. Fico a imaginar: da infância pobre na favela, dos campinhos de terra batida, para os gramados da Europa, onde avolumam exuberantes salários. Fácil de entender os motivos que os levam a abandonar tudo e ir para o exterior, onde se transformam, posteriormente, em jogadores indiferentes, embevecidos que estão com a própria sorte.

     Enquanto fazem sucesso por lá, nos riquíssimos clubes, que mantêm seus altíssimos salários, aqui nos contentamos, com um futebol chinfrim. Somos a segunda divisão da Europa, quem fomenta os negócios de nossos clubes decadentes, que continuam a repassar seus jogadores aos times do primeiro mundo, exportando-os a contrapeso de ouro e repetindo o processo, sempre que seus caixas se esvasiam, em um circulo vicioso danoso às pretensões do nosso futebol. 

     Em época da Copa do Mundo, em um ajuntamento discutível de expatriados, que não mais consegue nos lembrar as seleções de outrora, nos fazem sobressair a euforia, daí pulamos, bebemos, festejamos ou... Choramos.
Allez le bleu, é o grito de guerra da torcida francesa.

(setembro 2006).

 
JLeal
Enviado por JLeal em 18/07/2009
Reeditado em 20/04/2015
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