Ó MINAS GERAIS...

FARTURA NA MISÉRIA

Maurício Marzullo

Com a grave crise que atualmente atravessamos, de difícil solução, aliás, seria bom que volvêssemos os olhos para o interior brasileiro, fonte de nossos abastecimentos, para que sentíssemos, de visu, a seriedade deste momento.

Lá, como aqui, a dificuldade é a mesma, podendo dizer-se maior, porque, felizmente, nós, dos grandes centros urbanos, ainda contamos com que comer, enquanto os do interior, em meio à fartura, morrem à míngua, simplesmente pelo fato de os fazendeiros, ou os proprietários de grandes lavouras, preferirem despachar os seus produtos para o Rio, São Paulo, etc., a vende-los por lá mesmo, privando, até, os seus concidadãos de algumas sobras, só porque a ganância dos lucros lhes embota o espírito.

Angustura, cidade mineira da Zona da Mota, que conhecemos nas férias, é bem um atestado do que aqui se afirma.

Com uma população razoável e dócil, vive como que abandonada, faminta, em meio à fertilidade de suas terras, à riqueza de sua vegetação.

Tal descalabro, porém, poderia ser sanado, minorado, pelo menos, se o Prefeito a cuja jurisdição pertence Angustura, lhe fizesse valer os direitos, obrigando a instalação de uma feira-livre semanal, aos domingos, por exemplo, onde toda a gente pudesse adquirir o necessário a sua subsistência e sentir o amparo do Estado.

Esta providência, que já viria tarde, dever-se-ia estender às pequenas cidades de todo o Brasil, pois é por lá que pulsam os grandes corações de nossa nacionalidade.

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Isto pode não ser engraçado; mas, que é triste, é...

Publicado na revista O Espeto, p. 4, Rio, 1o. de maio de 1947.

[Texto atualizado por Nelson Marzullo Tangerini,

sobrinho de Maurício Marzullo]

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Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 17/07/2009
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