Conversa de bêbado cheirando leite derramado

Desculpe, mas hoje não vou escrever um poema.

"Pare com essa poesia", me disseram.

Éhhh...acho que tenho que parar com isso mesmo, esse negócio faz mal igual cachaça, tira a gente do sério, faz viajar demais. Quer saber? Conversa de poeta é igual de bêbado, só quem está embreagado pela poesia entende.

Chega de Poesia! Vou cair na real ora! Cancei de ouvir: onde você está? "Aterrisse...aterrisse...Terra chamando".

Quem tem ouvidos ouve o que não quer mesmo...

Hoje não vou escrever mais poesia!

Vou só derramar palavras no papel

Como quem despeja o leite na mesa

E depois chora a nata derramada...

O pior, que até nessas horas reluto para não saírem versos da brancura do leite e do cheiro misturado na mesa e no carpete; do líquido deslizando sobre os móveis fazendo mudar a rotina do dia, testando a paciência e avacalhando o relógio. O tempo gasto ali limpando é dinheiro, ora!

Acho que esse leite tá cheio é de gordura mesmo vindo da teta de uma VACA! É isso, hoje não vou fazer poesia, tirei o dia pra chingar essa VACA que fabricou o leite.

Vou te contar um segredo. Acho que o negócio dela é outro, viu? Ela queria passear por aí, ter direito de ser mãe e amamentar, Sem fazer parte do "negócio", nem ser lucro pra pecuária leiteira, mudaram a genética toda dela pra ela produzir muito leite mesmo, mas não foi ela que escolheu esse emprego! Quem sabe hoje ela não estivesse apenas querendo extrair poesia das manchas do pêlo?

Tá vendo? Não tem jeito mesmo. Até no dia que quis sair deste universo poético, taí a vaca transformando o entorno, mostrando as pequenas coisas da vida que não vemos e fazendo poesia.

MUMUUUUUUUUUUUUUMMMMMMMUUUUUUUUUUMUUUUUUUUUUUMUUMU

Brenda Marques Pena
Enviado por Brenda Marques Pena em 06/06/2006
Reeditado em 29/06/2006
Código do texto: T170511