Noite Fria de Junho
Junho foi embora e deixou realmente a saudade de uma infância que nos dá um enorme prazer recordar.
Corria o ano de 1942, eu tinha 8 anos. Lembro-me do Circo Teatro Rosário, que ficava ali onde hoje está localizado o Quartel da Policia Militar de Campinas.
Os meus pais iam quase todas as noites assistir aos espetáculos dos quais eu gostava muito do Palhaço Juruti. Porém a força do circo vinha de seu teatro. Sempre interpretavam peças famosas, atraindo grande público.
Como era o mês de junho, entre os espetáculos o Circo tocava muito a marcha “Noite Fria de Junho”, de João de Barro (o Braguinha) e Alberto Ribeiro.
Hoje, passado tanto tempo, vejo que os versos dessa marcha ainda servem para todos.
Quem não teve um sonho dourado que não subiu como um balão? Quem não teve na infância um sonho que não se realizou? Sonhos infantis impossíveis de serem alcançados?
Ainda bem que na adolescência e já formados como gente grande, outros balões da nossa existência subiram e chegaram até as estrelas.
Mas as noites frias de junho da minha infância se renovam a cada ano.
Vale a pena lembrar a marcha dos dois poetas da nossa música; João de Barro, o Braguinha, e Alberto Ribeiro:
Noite fria, tão fria de junho
Os balões para o céu vão subindo
Entre as nuvens aos poucos sumindo
Envoltos num tênue véu
Os balões devem ser com certeza
As estrelas aqui desse mundo
As estrelas do espaço profundo
São os balões lá do céu
Balão do meu sonho dourado
Subiste enfeitado, cheinho de luz
Depois as crianças tascaram
Rasgaram teu bojo de listas azuis
E tu que invejando as estrelas
Sonhavas ao vê-las ser astro no céu
Hoje, balão apagado, acabas rasgado
Em trapos ao léu.
Mas falando em balões, não poderia esquecer do Romeu Pombinha, especialista na arte de fazer balões e em soltá-los (ele colocava uma carta nos balões para que quando caíssem, quem os achasse escrevesse para ele dizendo onde havia acontecido a queda).
Seus balões eram uma obra de arte. Tinham os mais variados formatos: Cruz, Cálice, Vestido. Todos iluminados com tochas, também do lado externo. Não ofereciam perigo algum, pois caiam com as mechas apagadas, muito distantes dos locais onde eram soltos.