ATO V: A Piedade

O Auto da Piedade

Sete Atos de Loucura

Era uma manhã fria

E meu corpo estava vestido com roupas molhadas.

Tremia tanto que parecia que alma seria expulsa do corpo,

Mas a alma teimosa não arredava vida

E continuava tremendo com a mente,

Que arrastava o corpo até uma padaria,

Na esperança de um pedaço de pão para aquele dia;

E antes mesmo que eu pedisse,

Uma senhora enviada pela Boa Sorte veio me ajudar,

Caridosa,

Ofereceu-me um cafezinho bem quentinho que aqueceu até os Cabelos da minha alma.

Deu vontade de chorar

Deu vontade de agradecer

De me jogar aos pés dessa gentil senhora e dizer:

Graças a você, ainda dá vontade de voltar para o mundo!

Mas não deu tempo

O Português da padaria me enxotou;

Miserável na porta espanta fregueses

Pingado e pão na chapa

Não combinam com vagabundo.

Aquele café,

Contudo,

Tinha gosto de Casa da Mãe.

Não pela cafeína ou pelo açúcar misturado com a água quente que Derreteu os grãos;

É que eu tomava carinho e carinho aquece o coração.

O frio foi embora,

As roupas se secaram,

O sol aqueceu a mente

E o corpo ficou doido de vontade

De dançar...