MUITO PRAZER, EU SOU...

Não lembro ao certo onde o conheci... Se no baile da Ilha Fiscal... No Municipal... baile de carnaval... Num clube do Largo do Rosário... Ou foi em um sarau a caráter no Cosme Velho...? Só sei que os meus ouvidos estavam fazendo zzzzzzzzzzzzzz por conta de um porre de lança perfume e eu me segurava em alguma coisa, estava grogue, quando alguém mascarado, vestido de pierrô chegou até mim, que estava de colombina e mascarada também. Ele era franzino e demonstrou timidez ao indagar se estava bem, além do mais era gago! Mas deu um meio sorriso quando percebeu que ao responder sua indagação gaguejava feito ele. Acho que esse nosso “defeito” nos aproximou e procuramos um lugar reservado para conversar. Descobrimos que tínhamos algo em comum: o gosto pela escrita, ele já se tornando conhecido como cronista, com duas comédias encenadas sem nenhum sucesso e confessou que estava se voltando para os romances, acreditava que esse de fato era o seu caminho e que um dia todos iriam falar de sua obra e discutir os seus personagens. De mim falei pouco, ainda andava com a cara enfiada nos livros e não tinha idéia do que o destino me reservava. Foi quando ele levantando, disse: acho que está na hora de retirar as máscaras e nos apresentarmos. Ele retirou a dele, eu a minha, estirou a mão em minha direção e disse: muito prazer, senhorita, sou Machado de Assis. Respondi: o prazer é todo meu, eu sou Zélia Maria Freire. Foi ai que nos meus ouvidos cessaram os zzzzzzzzzzzz e acordei.... Sobre o colo, Memórias Póstumas de Brás Cubas

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 17/07/2009
Reeditado em 17/07/2009
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