O CORVO E O CANÁRIO
Lembrei-me hoje de uma velha fábula que li há muito tempo e que nos dá uma grande lição de vida.
Conta-se que dois pássaros, um corvo e um canário, moravam na mesma árvore. A árvore sombreava uma casa grande e velha onde um irmão e irmã moravam com a sua mãe.
Um dia, o corvo disse ao canário:
-Eu vou pousar na beirada daquela janela – e ele apontou a sua cabeça em direção à casa – E quando as pessoas me virem, vão jogar pedaços de pão e eu vou dormir de barriga cheia.
O canário assistiu o corvo voar até a janela.
Ele estendeu seu pescoço e começou a grasnar.
Ele fez muito barulho, exigindo atenção com sua voz estridente.
Finalmente, o seu canto rude foi recompensado pela mulher, que veio até a janela e jogou um sapato nele.
O canário deu tanta risada que quase caiu do galho, enquanto o corvo voava de volta para a árvore...ele parecia machucado.
-Quero ver você conseguir algo melhor – grasnou o corvo – A mulher ainda tem o outro sapato.
Sem um piu, o canário voou até a janela.
Ele dobrou as asas e começou a cantar uma música melodiosa.
O corvo assistiu admirado a mesma mulher aparecer na janela e oferecer pedaços de pão ao canário.
Quando o canário encheu a barriga, ele voou de volta para a árvore, onde o corvo imediatamente o enfrentou.
-Ele deu comida para você – o corvo disse – porque ela acha você mais bonito do que eu.
O canário disse:
-Você está errado.
E o corvo respondeu:
-Então por que ela jogou um sapato em mim?
O canário respondeu com os olhos fechados:
-Porque eu cantei para ela. Você apenas grasnou.
É isso mesmo, meus amigos.
A diferença estava na maneira como falaram e a linguagem que usaram.
É claro que um corvo não consegue cantar como um canário, pois o canário não precisa treinar seu canto.
Mas nós...eu e você...podemos ser ou como o corvo ou como o canário.
Criamos coisas horríveis e coisas lindas com a nossa linguagem.
Depende sempre de como conversamos, de como expomos nossas idéias, de como exprimimos nossos sentimentos, que teremos a reação de quem nos escuta.
Ou receberemos uma sapatada ou migalhas de pão.
Assim, procuremos sempre prestar atenção nas palavras que nossa boca murmura...o modo como murmura...
E aí?
Que tipo de som você anda emitindo?
Dia 22 de Agosto - Dia do Escritor Louveirense.