ORDEM
Largo da Ordem. Mesa na calçada. Dezoito horas. Sábado. Primeira cerveja.
Passam-se vinte minutos. Cadê o garçom? Olham sobre os ombros. Enxergam-no. "Ô, Psit! Chefia..." Ele dá as costas e entra no bar.
Mais cinco minutos. "Não, não quero comprar artesanato!". Trinta graus. Chega o garçom, com a cerveja. Cinco copos. Esvaziam a garrafa. Quatro goles de cada. Esvaziam os copos. "Acho que devemos pedir duas de cada vez. Uma só não vai dar."
Passam-se dez minutos. Lá vem ele, o garçom. "Mais duas..."
Outros quinze minutos. Grupo punk à esquerda. Distância: vinte metros. Não é suficiente. Falta de banho. Chegam os dois cascos, com o garçom. Copos cheios. Fica um resto na garrafa para completá-los. Seis goles e meio, em média. Grupo suspeito aproxima-se. Param perto dos punks. Não agüentam.
Desespero: acabou a cerveja. Garçom na mesa ao lado. Atendimento rápido.
Carro prata estacionado a vinte e cinco metros. Grupo suspeito está ao lado do carro. No total, três homens. Estouro. Cacos no chão. Aparelho de som. Grupo sai calmamente.
Cadê a cerveja? Mais doze minutos. "Já trago a de vocês...", grita o garçom.
"Não! Já falei, não quero comprar artesanato!"
Punk cai. Coma alcoólico. Garrafa de vinho rola pela calçada. Vinte metros. Chega aos pés do bêbado. Sorriso. Três goles.
Chegam mais duas. Cervejas.
Bêbado na sarjeta. Acabou o vinho da garrafa. Punk ainda no chão. Tocam os sinos. Missa das sete.
Três homens, não mais suspeitos, ao lado do carro vermelho. Vinte e dois metros. Aparelho de som... Polícia?
Bêbado entra na igreja. Sede. Água benta.
"A conta!"
Tomba mais um punk.
Cadê o bêbado? Não faz mal, chega outro para ocupar a sarjeta.
Vinte e cinco minutos passados. Vem a conta, com o garçom. Salta um punhado de moedas. Assaltaram a igreja? Não. Nem o bêbado.
Chega a ambulância. Uma. O segundo punk tem que esperar.
Os cincos se levantam. Encaminham-se para o carro. "Onde está o guardador?" Cacos de vidro. E a polícia?