O ROCAMBOLE LETRADO
Publicado há alguns anos
no Jornal Comércio da Franca.
É sexta feira, chego apressada da caminhada, vou arrumando
a casa, fazendo o almoço, ouvindo o rádio.
Enquanto cozinho a couve-flor, vou fazendo a massa de um
rocambole. Hoje é meu dia de levar o lanche no roupeiro.
Enquanto assa, faço o brigadeiro para cobrir, o recheio será
doce de leite.
Descongelo o bife-rolê, limpo o granito para enrolar o rocambole.
Passo bastante canela e açúcar no papel alumínio e num instante
está pronto; cubro com o brigadeiro e reservo a salvo das formi-
gas, que também adoram este doce.
Depois do almoço corro com os afazeres para não atrasar, faço
uns sanduíches com pãezinhos sírios, pego um refrigerante gela-
dinho, ponho tudo no carro.
Não me esqueço também do livro tão bonito, que é uma nova
ediçao finamente ilustrada e encadernada de um livro escrito há
mais de mil anos: uma mistura de poesia, psicologia e religião.
Quem será que conhece o Rubayat, de Omar Kayyam?
Pois é, o livro se chama O VINHO DO MÍSTICO; é muito bonito
li, gostei muito, mas é hora de devolver.
Ponho tudo com muito cuidado o livro no alto do acento e dou
partida no carro, saio depressa porque ainda preciso comprar bo-
tões de camisa lá no centro. Mas na segunda esquina breco, es-
cuto o baque lá atrás e esfrio. Olho de relance e vejo o livro mer-
gulhado no rocambole!
Volto para casa, tiro o brigadeiro do livro, tento salvar um pouco
do doce, reformo o rocambole, limpo o livro com carinho e o deixo
em cima da mesa da cozinha. Vou direto pro roupeiro e deixo os
botões para depois.
Chego rindo da história e minhas amigas dizem que vão hoje co-
mer um ROCAMBOLE LETRADO!
Na hora do lanche tudo dá certo e não sobra nem um pedacinho
de rocambole e no livro nem sombra de brigadeiro.
Amanhã devolvo o livro e prego os botões que já comprei!
Publicado há alguns anos
no Jornal Comércio da Franca.
É sexta feira, chego apressada da caminhada, vou arrumando
a casa, fazendo o almoço, ouvindo o rádio.
Enquanto cozinho a couve-flor, vou fazendo a massa de um
rocambole. Hoje é meu dia de levar o lanche no roupeiro.
Enquanto assa, faço o brigadeiro para cobrir, o recheio será
doce de leite.
Descongelo o bife-rolê, limpo o granito para enrolar o rocambole.
Passo bastante canela e açúcar no papel alumínio e num instante
está pronto; cubro com o brigadeiro e reservo a salvo das formi-
gas, que também adoram este doce.
Depois do almoço corro com os afazeres para não atrasar, faço
uns sanduíches com pãezinhos sírios, pego um refrigerante gela-
dinho, ponho tudo no carro.
Não me esqueço também do livro tão bonito, que é uma nova
ediçao finamente ilustrada e encadernada de um livro escrito há
mais de mil anos: uma mistura de poesia, psicologia e religião.
Quem será que conhece o Rubayat, de Omar Kayyam?
Pois é, o livro se chama O VINHO DO MÍSTICO; é muito bonito
li, gostei muito, mas é hora de devolver.
Ponho tudo com muito cuidado o livro no alto do acento e dou
partida no carro, saio depressa porque ainda preciso comprar bo-
tões de camisa lá no centro. Mas na segunda esquina breco, es-
cuto o baque lá atrás e esfrio. Olho de relance e vejo o livro mer-
gulhado no rocambole!
Volto para casa, tiro o brigadeiro do livro, tento salvar um pouco
do doce, reformo o rocambole, limpo o livro com carinho e o deixo
em cima da mesa da cozinha. Vou direto pro roupeiro e deixo os
botões para depois.
Chego rindo da história e minhas amigas dizem que vão hoje co-
mer um ROCAMBOLE LETRADO!
Na hora do lanche tudo dá certo e não sobra nem um pedacinho
de rocambole e no livro nem sombra de brigadeiro.
Amanhã devolvo o livro e prego os botões que já comprei!