A espada do samurai

Acredito que muitos já ouviram falar dos samurais, mais pela sua coragem, disciplina e dedicação aos senhores feudais, tudo levado ao fanatismo extremado, do que pela fama de sanguinários e truculentos. Sabe-se que eram guerreiros quase imbatíveis, ao ponto de valerem por dois ou três dos seus contendores, principalmente pela habilidade no manejo da espada, o que os transformavam em verdadeiras máquinas de fazer guerra, por essa razão eram temidos e respeitados, até ao ponto de serem considerados como legítimos representantes da aristocracia, pelo fato de eles possuírem uma fidelidade incontestável ao seu senhor, sempre estando prontos a morrerem pela sua defesa, sem pestanejar, o que lhes conferia uma forte “aura” de fibra e honradez.

Pois bem, o que realmente contribuía para a glória dos samurais, além das suas habilidades nas artes marciais e do arrojo, era a qualidade incontestável de suas espadas, que superavam as de quaisquer outros guerreiros da época, pois a têmpera delas era obtida por um processo de forja todo especial, principalmente com marretadas impiedosas, em cima de uma bigorna, com a lâmina ainda incandescente, e imediatamente sendo mergulhadas em água fria, isso feito inúmeras vezes, até se obter a rigidez inquebrantável, digna de um samurai. Vamos, então, tirar proveito desse conhecimento para fazermos um paralelo com a nossa vivência, visto ser importante, sempre que possível, filosofarmos em cima de acontecimentos que nos orientem pelos caminhos da simplicidade da natureza, excluindo-nos assim das complicações criadas pelo desvio da verdade das coisas, muito próprias das pessoas obtusas, que infelizmente imperam por todo o território mundial, em avassaladora maioria, haja vista a situação desoladora em que se encontra a “civilização”, somada com o estrago, já se tornando irreversível, praticado contra o Globo Terrestre - isto está mais do que provado e comprovado.

Qual a razão de encontrarmos tanta gente em estado de depressão ou em vias de dar cabo da própria vida, por estresse profundo, apenas por razões nem tão insolúveis e desastrosas, ou se desesperando e sofrendo por acontecimentos banais, como por exemplo: o fato de estar chovendo e, assim, não poder desfrutar de um fim de semana na praia, ou então porque o seu time de futebol perdeu o campeonato! A essas fraquezas dá-se o nome de “afogamento em copo d’água”, mas, infelizmente, é o retrato da humanidade contemporânea – a falta de “têmpera” da espiritualidade dos indivíduos está provocando o inferno na Terra, desde que só encontramos pessoas que estejam à procura de alguém que as “ajude”, ou melhor, alguém que consiga resolver os seus problemas, nem que para isso tenham que pagar, ou então que seja necessário até implorarem aos céus.

Uma coisa é certa, quanto maior for o problema que tenhamos de enfrentar de frente, mais e mais força iremos adquirir, mais experiência iremos ganhar, mais capacidade iremos obter para ultrapassarmos quaisquer adversidades, mesmo as mais difíceis. Nós temos que resolver os nossos problemas, nem que para isso tenhamos que recorrer a outrem, suficientemente esclarecido, que nos dê as coordenadas do “caminho das pedras”, mas que não interfira no processo, tentando amenizar o nosso caminho, quebrando o peso do nosso fardo – é imprescindível possuirmos um espírito de busca corajoso o bastante para aprendermos a pescar e partirmos para a pescaria, a fim de não morrermos de fome; não podemos continuar sempre na expectativa de que alguém venha nos suprir de peixes, porque isso é efêmero e destrutivo.

A espada do samurai é tão poderosa porque passa por processos dolorosos de artesanato, fora do comum – aquele que não suporta o peso das agruras da vida é porque não foi forjado suficientemente para alcançar um nível de individualidade, compatível com a Nova Era. O homem que aprende a lutar com decisão, encarando todos os tipos de desafios como sendo oportunidades para fortalecer a sua espiritualidade, é um vencedor de verdade; nunca será apanhado pela depressão, que é a primeira condição dos fracos, tanto de espírito quanto de mente, ou seja, dos medíocres “de carteirinha”.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 16/07/2009
Código do texto: T1701915