Quem é Ivete Sangalo?
Nossa constituição diz com todas as letras, que em país de analfabetos culturais parece não ser legível, que todos somos iguais independente de cor, credo ou status social. Mas num país de valores rasgados e distorcidos, tratamos um cão com direitos humanos, e um cidadão como verme, poderíamos rasgar a constituição, literalmente, e adotar uma só frase, para economizar papel e tempo na leitura, que seria: “Quem pode mais chora menos”.
Mas em país de pelados, quem tem um pano é deus. Criam-se muitos mitos vivos e uma necessidade imoral de criar ídolos, e como deuses tornam-se intocáveis, capazes de tudo. Entre eles, vários, claro, mas vamos nos ater em tres, Ivete Sangalo, Caetano Veloso e o Cirque du Soleil.
Segundo ela Própria, Ivete Sangalo é uma pessoa comum, como qualquer outra, que paga seus impostos e portanto, digna de receber leis de incentivo. Considero Ivete uma grande cantora, apesar de um repertorio discutível no meu gosto musical, mas não é isso que está em discussão, mas sim, a questão comercial do Artista. Em termos práticos, se anunciar um espetáculo com o grupo x de teatro oriundo de Uruguaiana – RS, não terá público em Porto Alegre – RS, pois ninguém saberá ao certo de quem se trata, e para este grupo manter-se na estrada, precisa de leis de incentivo, já que raríssimas empresas patrocinariam um espetáculo deste grupo mesmo que montassem o Bardo. Já Ivete Sangalo, nem precisa de força para anunciar, arrecadar patrocinadores, ou conseguir público para pagar as despesas do evento e ainda lucrar com ele.
Concordo com a Artista, sim, ela está dentro da legalidade e usufruindo um direito dela, e qualquer cidadão, de obter as vantagens prometidas nesta regra de incentivo a cultura, mas há de se convir, que não há necessidade desta vantagem, daí abrir mão em pró de outros mais necessitados, seria de uma grandeza ética. Caetano Veloso, teve que fazer seus shows com preços populares, ai sim, nestes moldes á aceitável.
Mas a lei Rouanet, formada para atender aos interesses de artistas e pesquisadores culturais e artísticos do país, foi brutalmente achacado, por assim dizer, para servir aos interesses de um grupo Canadense, que para desespero da maioria absoluta dos Brasileiros, poucos tiveram acesso, dados altos preços cobrados, onde o ingresso mais barato era igual ou superior ao piso salarial do país.
Diante disso, passamos a outro ponto da discussão, a arte de grande qualidade é naturalmente elitista, e grande válvula de escape para ascensão social e melhoria de qualidade de vida de seus idealizadores, mas quando alcança um patamar mais elevado de fatura, deveria abrir mão de certos incentivos. Para o bem geral da nação, ou então, usar destes artifícios para aproximar qualidade criativa dos menos favorecidos, precisamos de ética e responsabilidade nestes setores.