Centro de São Paulo
Maria partiu para um lugar deserto, queria conversar com ela mesma. Não entendia o que é conversar com ela mesma! Mas quem entendia a Maria? Tarefa difícil. Encontrar um lugar deserto em São Paulo, mas ela saiu a procurar, encontrou uma árvore, isso mesmo, uma única árvore solitária igual à Maria, ela se ajeitou, e deixou seus pensamentos tomar conta dela, mas era tanta gente em seus pensamentos que descobriu que não estava sozinha.
Maria saiu andando pela rua, parou no boteco tomou um pileque, cuspiu no chão, agradeceu o santo, mostrou o dedo para um senhor que olhava com desdém. Avistou de longe um cachorro que cheirava o lixo buscando comida e logo na frente um homem que rasgava o lixo e comia a comida que havia nele. Maria ficou indignada com o cachorro. Coitado comendo comida do lixo! Passou a mão na cabeça dele e atravessou a rua para não encostar-se no homem.
São Paulo torna atraente para quem tem o que fazer, as pessoas correm tanto com o que fazer que nem olha para o que a cidade não tem a oferecer. Maria não entendia por que o Centro da cidade que leva o nome de Centro por que é aonde começa a cidade. Ser assim... Tão feio, sujo, pichado... Podia mudar o Centro de São Paulo para Brasília ai só ia ter político e para eles, acredite, ia ficar bonitinho!
Maria pensava no que fazer. Não tinha dinheiro e nem sabia como arrumar. Maria não acreditava. Como pode uma cidade com tanta coisa para fazer! E ela não sabia o que fazer. Balançou a cabeça e continuo. Para aonde eu não sei! Nem Maria sabia. Nem ela sabia o que fazia ali. Parou na Praça do Correio e ficou olhando gente banhando na fonte. Que horror! Gente sem classe, aonde já se viu tomar banho de roupa, que fique pelo menos nus.
Uma cara besta encostou-se nela: - E ai gracinha ta sozinha? Não, estou com sua mãe, ela está tomando banho na praça, olha lá, o cara se foi. Ela ficou a imaginar o que fazer naquele lugar chamado Centro.
Seguiu em frente e saiu na rua que vende essas coisas ai que usam no computador. Ora povo sem educação! Um ambulante gritou no ouvido dela, ela virou e falou um palavrão para ele. Explicou-se para a mulher ao lado que ouviu o palavrão. Para que quero programas de computador se nem tem computador! Maria viu de longe uma mulher sentada no chão com uma ferida na perna pedindo esmola, se indignou. Em São Paulo até doença dá dinheiro! E ela não sabia o que fazer para conseguir o dinheiro dela. Ela balançou a cabeça e continuou até cansar de olhar coisas sem sentido e pessoas sem cultura. Por que Maria sim era culta, tinha um pôster da última virada cultura na porta de seu quarto.
Entrou na Igreja de São Bento, ficou deslumbrada com tanta beleza, chorou quando viu o homem Crucificado e se assustou com o valor do dízimo cobrado, saiu da li correndo. Para que vou comprar lugar no céu? Se aqui na Terra eu pago aluguel!
Passou na 25 de Março comprou um monte de muamba e entrou no ônibus, entrou não no sentido de entrar, por que nos ônibus de São Paulo você não entrar é empurrado para dentro a força. Chegou em casa abraçou seu três filhos, ouviu o ronco do seu marido que dormia bêbado no sofá. Ligou a televisão e ficou a fantasiar a cena linda que via. Mulheres prefeita com homens perfeito vivendo e lugares perfeito e pensou. - Esse povo nunca veio no centro de São Paulo no horário de pico! Pegou a taboa e foi passar roupa.
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