Padim Ciço do Juazeiro
Lera em alguns jornais, faz um bom tempo, que a Igreja Católica mostrava-se disposta a reabilitar o padre Cícero Romão Batista.
Como o assunto não voltou às gazetas, passei a considerá-lo como um gigantesco boato.
Mas ontem, em surpreendente reportagem, a televisão mostrou que os católicos do Ceará voltaram a catucar o Vaticano, exigindo a imediata reabilitação do Padim.
Reabilitar o padre Cícero significa a Santa Sé reintegrá-lo nos seus quadros como um pastor legítimo; reconhecendo-lhe as virtudes; perdoando-lhe os defeitos.
Virtudes escondidas e defeitos ressaltados pelo alto clero ranzinza, hiper-conservador e ciumento do início do Século 20, o seu tempo.
Se a Igreja Católica pensa em reabilitar o lendário cura cearense, age corretamente e sorte dele. Não vai precisar aguardar 500 anos pela absolvição do Vaticano.
Tempo que esperou Galileu Galilei para ser perdoado pela Igreja, com o decisivo adjutório do papa Wojtyla.
Oficializada a reabilitação, tornar-se-á viável a beatificação do vigário do Juazeiro do Norte, sonho antigo dos seus romeiros, espalhados, aos milhares, por todos os recantos do Nordeste brasileiro.
Embora, muitos desses devotos entendam que o certo seria a imediata canonização do Padim.
Ainda me custa crer, que a Igreja, como instituição, esteja mesmo interessada em reabilitar o Patriarca do Cariri. E se está, por que somente agora? Por que demorou tanto?
Este ano, Cícero Romão faz 72 anos de morto.
Morreu, com 90 anos de idade, no dia 20 de julho de 1934, o ano em que - a quem interessar possa - este cronista chegou a este planeta.
E não me digam que Cícero não faz jus a um lugarzinho nos altares; pelo menos como beato.
Existem papas beatificados - e alguns canonizados - cujos currículos, se confrontados com o do Padim, perdem feio!
Basta dar uma espiadinha em A vida sexual dos papas; e se quiserem mais, leiam Os crimes dos papas.
Por enquanto, minha impressão (posso até está enganado) é a de que este lance da reabilitação do padre Cícero é um movimento - justo e válido - liderado por sacerdotes e bispos do Ceará.
Até esta data, não li nem ouvi um só pronunciamento oficial da CNBB a esse respeito.
Ainda que o movimento esteja circunscrito às sacristias cearenses, acho que se deva fortalecê-lo, todos os dias.
A presença dos laicos é indispensável,
desde que sobre eles se exerça uma permanente vigilância. Evitando que anseio tão nobre e puro chegue fácil às campanhas de políticos oportunistas.
É preciso, porém, lembrar, que da reabilitação à beatificação, um longo caminho terá de ser percorrido.
O processo de beatificação é lento e complicado.
E só vingará, se sobreviver a duas importantes fases: a fase diocesana e a fase romana.
Correndo ainda o risco de, ao percorrer a segunda fase, o processo terminar "esquecido" nos socavões do Vaticano.
Como estaria acontecendo com o processo do padre José Ibiapina, o "peregrino da caridade", outro sacerdote cearense candidato a beato.
Iniciado, na Paraíba, em 12 de maio de 1991, ele encontra-se dormindo nas gavetas da Sé de Roma. Foi o que me disseram.
Creio, que com a morte de João Paulo II, o Ceará perdeu a grande oportunidade de ver o padre Cícero finalmente beatificado.
O papa Karol revelou-se um excelente fazedor de veneráveis, de beatos e de santos. Parece-me que, neste particular, Bento XVI não seguirá o exemplo do seu antecessor.
Uma coisa, porém, tenho como inevitável: a Igreja, mais cedo ou mais tarde, terá que reconhecer, oficialmente, o Padim Ciço do Juazeiro como "o maior mito da fé nordestina".
Merecedor, por conseguinte, de receber dos seus devotos todas as homenagens devidas aos eleitos de Deus.
Tratem, pois, os cardeais de Roma de reabilitá-lo; façam-no logo beato; e cuidem, já e já, da sua canonização.
Os romeiros do (há muito) venerado cura cabeça-chata - quase todos humildes e pobres - estão precisando, com urgência, de alguém que brigue por eles lá por cima. E essa briga o Padim Ciço comprará.
Lera em alguns jornais, faz um bom tempo, que a Igreja Católica mostrava-se disposta a reabilitar o padre Cícero Romão Batista.
Como o assunto não voltou às gazetas, passei a considerá-lo como um gigantesco boato.
Mas ontem, em surpreendente reportagem, a televisão mostrou que os católicos do Ceará voltaram a catucar o Vaticano, exigindo a imediata reabilitação do Padim.
Reabilitar o padre Cícero significa a Santa Sé reintegrá-lo nos seus quadros como um pastor legítimo; reconhecendo-lhe as virtudes; perdoando-lhe os defeitos.
Virtudes escondidas e defeitos ressaltados pelo alto clero ranzinza, hiper-conservador e ciumento do início do Século 20, o seu tempo.
Se a Igreja Católica pensa em reabilitar o lendário cura cearense, age corretamente e sorte dele. Não vai precisar aguardar 500 anos pela absolvição do Vaticano.
Tempo que esperou Galileu Galilei para ser perdoado pela Igreja, com o decisivo adjutório do papa Wojtyla.
Oficializada a reabilitação, tornar-se-á viável a beatificação do vigário do Juazeiro do Norte, sonho antigo dos seus romeiros, espalhados, aos milhares, por todos os recantos do Nordeste brasileiro.
Embora, muitos desses devotos entendam que o certo seria a imediata canonização do Padim.
Ainda me custa crer, que a Igreja, como instituição, esteja mesmo interessada em reabilitar o Patriarca do Cariri. E se está, por que somente agora? Por que demorou tanto?
Este ano, Cícero Romão faz 72 anos de morto.
Morreu, com 90 anos de idade, no dia 20 de julho de 1934, o ano em que - a quem interessar possa - este cronista chegou a este planeta.
E não me digam que Cícero não faz jus a um lugarzinho nos altares; pelo menos como beato.
Existem papas beatificados - e alguns canonizados - cujos currículos, se confrontados com o do Padim, perdem feio!
Basta dar uma espiadinha em A vida sexual dos papas; e se quiserem mais, leiam Os crimes dos papas.
Por enquanto, minha impressão (posso até está enganado) é a de que este lance da reabilitação do padre Cícero é um movimento - justo e válido - liderado por sacerdotes e bispos do Ceará.
Até esta data, não li nem ouvi um só pronunciamento oficial da CNBB a esse respeito.
Ainda que o movimento esteja circunscrito às sacristias cearenses, acho que se deva fortalecê-lo, todos os dias.
A presença dos laicos é indispensável,
desde que sobre eles se exerça uma permanente vigilância. Evitando que anseio tão nobre e puro chegue fácil às campanhas de políticos oportunistas.
É preciso, porém, lembrar, que da reabilitação à beatificação, um longo caminho terá de ser percorrido.
O processo de beatificação é lento e complicado.
E só vingará, se sobreviver a duas importantes fases: a fase diocesana e a fase romana.
Correndo ainda o risco de, ao percorrer a segunda fase, o processo terminar "esquecido" nos socavões do Vaticano.
Como estaria acontecendo com o processo do padre José Ibiapina, o "peregrino da caridade", outro sacerdote cearense candidato a beato.
Iniciado, na Paraíba, em 12 de maio de 1991, ele encontra-se dormindo nas gavetas da Sé de Roma. Foi o que me disseram.
Creio, que com a morte de João Paulo II, o Ceará perdeu a grande oportunidade de ver o padre Cícero finalmente beatificado.
O papa Karol revelou-se um excelente fazedor de veneráveis, de beatos e de santos. Parece-me que, neste particular, Bento XVI não seguirá o exemplo do seu antecessor.
Uma coisa, porém, tenho como inevitável: a Igreja, mais cedo ou mais tarde, terá que reconhecer, oficialmente, o Padim Ciço do Juazeiro como "o maior mito da fé nordestina".
Merecedor, por conseguinte, de receber dos seus devotos todas as homenagens devidas aos eleitos de Deus.
Tratem, pois, os cardeais de Roma de reabilitá-lo; façam-no logo beato; e cuidem, já e já, da sua canonização.
Os romeiros do (há muito) venerado cura cabeça-chata - quase todos humildes e pobres - estão precisando, com urgência, de alguém que brigue por eles lá por cima. E essa briga o Padim Ciço comprará.