Esses humanos símios...

A ciência acaba de descobrir e atestar que o macaco-prego é capaz de criar atalhos nas matas, além de ter senso de justiça e de compaixão. Que lindo! É mais uma lição generosa que a natureza oferta ao mal-educado Homo Sapiens. Até entre a bicharada a coisa pode ser encontrada civilizadamente, enquanto aqui entre nós continuamos a digladiar e a engolir uns aos outros em nome de uma ignorância inimaginável. A descoberta com os divertidos macacos-prego foi feita por cientistas brasileiros, vinculados aos laboratórios de pesquisa da USP.

Mas há, sim, outros macacos muito menos interessantes que vivem entre nós seres humanos e os macacos-prego. Talvez com a existência desses desinteressantes, possamos explicar o “porquê” de estar em queda o número de mestres e doutores no ambiente intelectual brasileiro, mais precisamente nas Universidades públicas e privadas do nosso país. É lamentável, mas é verdadeiro que esses fatos estão nas estatísticas mais civilizadas das nossas instituições pensantes. O número de mestres e de doutores mede nosso nível de desenvolvimento científico e humano.

É que, às vezes, o que nos salva é o mais facilmente encontrado e o mesmo que nos condena piamente aos mais indesejáveis castigos. A nossa vida compõe-se de uma sucessão de fatos que nos lapida para que possamos enfrentar desde o desconhecido até o perigosamente conhecido. Um homem precisa saber para depois fazer; no inverso, os erros podem ser desestimulantes. Da retina à descrição de algum sonho tido, há um denso caminho de aprendizagem. Assim como os macacos-prego, devemos ser imensuravelmente maiores, porque já estamos bem distantes deles na escala evolutiva das espécies. (Assim creio!). A vida é o que o cartório da natureza se permite dar para que possamos estar sempre evoluindo. É exigido das espécies o “fazer” com o aprendido no vivenciado. Das emoções às emoções há uma vasta floresta imperfeita na alma dos seres humanos. Sempre é-nos tempo de recriarmos ideias e ofertarmos frutos doces aos nossos pares sociais.

Retinas prudentes observam bem o que o olhar capta e aceita. Os macacos dificilmente caem dos galhos nas matas porque aprendem muito bem com a natureza por onde devem andar. Parece que nós humanos achamos mais graça em desaprender com o tempo e repetir as tolices das eras remotas, quando ainda desejávamos ser como os símios.

Estou convicto de que até os mercados são de tudo irracionais, sem se esquecer de que foi o homem quem os criou. Eles são os “birutas dos ventos” políticos e vão para a vontade dos lobbies que os empurram. Tão biruta quanto estes birutas, no meu parco entendimento enquanto homem, é a importância das primeiras damas acompanhando seus respectivos maridos nas viagens internacionais. Nunca vi nada tão insosso do que suas colaborações. Deveria ser proibido. Acho que até atrapalham o desempenho intelectual dos mandatários. O erário seria menos subtraído.

E por fim, se sabemos agora que há macacos-prego capazes de criar seus próprios atalhos, por que não nós humanos? Iremos continuar a cair de galhos grossos em nossas matas já ralas pela devastação de nossas próprias ideias?