SOBRE O VÔO INCERTO NO FIRMAMENTO DA VIDA... E DA MORTE

Hoje eu gostaria de poder escrever uma crônica diferente.

Quem sabe usar o espaço –como uma coluna social- para relatar um final de semana tranquilo.

Publicar fotos de jovens que aproveitaram todas as festas possíveis, apesar da noite fria.

Fofocar que lindas garotas e garotos voltaram para suas camas quentinhas quase de manhã.

Dizer que o almoço de domingo teve cheiro de churrasco e gosto de ressaca nas casas da meninada baladeira.

Mas, não posso. Não hoje.

Não depois que o abutre negro sobrevoou por estes céus levando consigo um jovem lindo e saudável. E, de carona, um pai, uma mãe, uma família, muitos amigos e todos aqueles que, igualmente, são pais e mães.

Adoraria, jogar conversa fora sobre a leveza da juventude e sua urgência de viver.

Mas, tenho que falar sobre outro tipo de urgência. A urgência de morte, que tem se abatido sobre esta vida.

E o que dizer nesta hora? DROGA DE VIDA?! (ou) DROGA DE MORTE?!

Como explicar por que um garoto, no auge dos seus dezessete anos, tendo todos os motivos do mundo para viver, resolve partir por conta própria, abraçando a morte num vôo sem volta?

O que dizer aos pais neste momento? “Meus sentimentos! Ele foi para um lugar melhor!”

Então, existirá lugar melhor para um menino, do que ao lado de uma família que o ama incondicionalmente?

Não! Assim como não existe consolo e muito menos entendimento.

Só existem perguntas...

O que está acontecendo aos nossos filhos?

Será que estamos criando belos robôs defeituosos de espiritualidade? Meninos e meninas estão se transformando em modelos em série? Quando foi que o SER foi deletado para o TER ser instalado? O quanto o brilho das novas gerações têm ofuscando suas almas?

Quando foi que esquecemos de ensinar a eles que, apesar de tudo, a vida ainda vale a pena? E que, independente de tudo, viver ainda é a melhor solução?

O que está acontecendo com este mundo maluco?

Já não sabemos o que é o certo ou errado. Se, somos bons ou somos ruins o suficiente. Se, fazemos demais ou se fazemos de menos. Se, somos os pais que nossos filhos gostariam de ter.

O quanto temos sido omissos? Será que estamos perdidos? E agora, o que fazemos?

A mim, nada mais me resta a escrever. A não ser este amontoado de interrogações. Esta constelação de medo e duvida que encerra o firmamento da vida e da morte.

E entre viver e morrer? Entre, pra quê e por quê? Só me resta pedir:

_ Meu Deus! Mostre-nos o caminho!

E entre desistir e tentar. Entre, quando e como? Só me resta crer...

Que Ele nos guiará.

* (Crônica de luto publicada no Jornal Semana News - Araranguá 14-07-2009)

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 14/07/2009
Reeditado em 14/07/2009
Código do texto: T1698772