AMORES INTERROMPIDOS
Há certas histórias que são interrompidas na melhor parte. O filme "Casablanca" é o maior símbolo do cinema neste sentido. O amor que perdura intacto, idealizado, resistente ao tempo e à distância porque não se consumiu em desgaste.
A realidade e aridez da rotina colocam à prova o fôlego do amor. Por isso, as relações vivas e longas são fruto de movimentos cíclicos. As marés em ondas de aproximação. E distanciamentos. (Sem falar nas "recassas").
Uma relação longa e estável exige a consciência de que o sentimento muda em tons de aquarela. Podem estar mais vivos como as cores vibrantes e quentes. Outras vezes a calmaria impera em nunces pastéis. A combinação de cores recria o laço afetivo com a mesma pessoa.
Nesse desafio constante não há espaço para idealizações. A vida costuma ser mais dura e exigente. Entretanto há beleza no amor possível.
Acontece que somos seres repletos de fantasias. E é nesse espaço vago onde impera o mundo do "se" que Casablanca deita e rola, faz a festa dos românticos incuráveis.
Alguns escritores parecem especializados neste estilo. Seus textos sempre deixam um gostinho de "quero mais".
Talvez, porque tenham a alma marcada por esse universo de suposições. Tanta vida que poderia ter sido e não foi. O corte impiedoso do destino nas histórias destas almas em estado de graça. O encantamento intacto.
Pessoas seduzidas e suspensas por uma linha que as alimenta por tudo que não viveram. Cenas, lugares ou lembranças reavivam o elo perdido da paixão.
O nome da pessoa amada, uma música, enfim, qualquer referência nutre o espaço fantasioso do vazio: herança das histórias que não aconteceram. Onde o adeus não pôde ser dado e mesmo que seja, como em Casablanca, valerá apenas para fortalecer o vínculo partido. No olhar dos amantes, todas as entrelinhas ocupam o lugar não vivido ou falado.
Escritores de entrelinhas interrompem suas histórias no melhor momento.
Como se confessassem a contragosto a sina de Casablanca:
"- Eu também não sei o que viria a seguir! Não tive tempo! O amor foi interrompido."
Eu perguntaria:
- E o leitor paga o preço?
E minha imaginação responde:
- Nós sempre teremos Casablanca.
- É Paris!
E a voz petulante, conclui:
- Alô! Alô! Câmbio! Aqui é sua imaginação! Me permita ser original? Deixo Paris para a Dona Escritora!
- Claro, claro!
- Claro? Câmbio. Desligo!
(*) Imagem: Google
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Há certas histórias que são interrompidas na melhor parte. O filme "Casablanca" é o maior símbolo do cinema neste sentido. O amor que perdura intacto, idealizado, resistente ao tempo e à distância porque não se consumiu em desgaste.
A realidade e aridez da rotina colocam à prova o fôlego do amor. Por isso, as relações vivas e longas são fruto de movimentos cíclicos. As marés em ondas de aproximação. E distanciamentos. (Sem falar nas "recassas").
Uma relação longa e estável exige a consciência de que o sentimento muda em tons de aquarela. Podem estar mais vivos como as cores vibrantes e quentes. Outras vezes a calmaria impera em nunces pastéis. A combinação de cores recria o laço afetivo com a mesma pessoa.
Nesse desafio constante não há espaço para idealizações. A vida costuma ser mais dura e exigente. Entretanto há beleza no amor possível.
Acontece que somos seres repletos de fantasias. E é nesse espaço vago onde impera o mundo do "se" que Casablanca deita e rola, faz a festa dos românticos incuráveis.
Alguns escritores parecem especializados neste estilo. Seus textos sempre deixam um gostinho de "quero mais".
Talvez, porque tenham a alma marcada por esse universo de suposições. Tanta vida que poderia ter sido e não foi. O corte impiedoso do destino nas histórias destas almas em estado de graça. O encantamento intacto.
Pessoas seduzidas e suspensas por uma linha que as alimenta por tudo que não viveram. Cenas, lugares ou lembranças reavivam o elo perdido da paixão.
O nome da pessoa amada, uma música, enfim, qualquer referência nutre o espaço fantasioso do vazio: herança das histórias que não aconteceram. Onde o adeus não pôde ser dado e mesmo que seja, como em Casablanca, valerá apenas para fortalecer o vínculo partido. No olhar dos amantes, todas as entrelinhas ocupam o lugar não vivido ou falado.
Escritores de entrelinhas interrompem suas histórias no melhor momento.
Como se confessassem a contragosto a sina de Casablanca:
"- Eu também não sei o que viria a seguir! Não tive tempo! O amor foi interrompido."
Eu perguntaria:
- E o leitor paga o preço?
E minha imaginação responde:
- Nós sempre teremos Casablanca.
- É Paris!
E a voz petulante, conclui:
- Alô! Alô! Câmbio! Aqui é sua imaginação! Me permita ser original? Deixo Paris para a Dona Escritora!
- Claro, claro!
- Claro? Câmbio. Desligo!
(*) Imagem: Google
http://www.dolcevita.prosaeverso.net