ATO II: A Pena ( O Auto da Piedade)

O Auto da Piedade

Sete Atos de Loucura

Não quero que sintam pena de mim, pois de tanta pena que sinto por mim mesmo, virei uma galinha em vez de um pássaro preto.

Já fui um pássaro preto.

Pássaro de asas fortes, de ares certeiros.

O meu canto não era assim um canarinho, mas de certo, não era também de pardalzinho.

Era um canto original, bonito, sincero e único, que fazia muita gente olhar pra cima, pensar em coisas bonitas e desejar coisa melhor para as suas vidas.

Em que momento meu vôo caiu?

Não sei responder!

Que chovam os motivos, que teorizem o meu enlouquecer, ninguém nunca vai saber; pois fiz questão de esquecer as minhas memórias, e o passado foi-se junto com a família que achou melhor fingir que a ovelha negra louca tinha morrido a assumir que havia gente com problemas mentais na sua árvore genealógica.

Loucura pega, por isso fugi.