As Frases Perfeitas.

As frases perfeitas.

Alexandre Menezes

Foi mesmo de caso pensado. Duas semanas em casa meio triste e sozinho e a minha ferramenta on-line de comunicação cheia de gente querendo conversar com pessoas bem mais interessantes para o momento. Não que eu não fosse, mas é que em plena segunda feira muitas das meninas gostariam de conversar com o DJ das noites e dos finais de semana e não com o cara certinho que gosta de conversar sobre filosofia, mitologia, sacanagem inteligente - que muitas nem entendem - e que indica livros e textos.

Para quem é usuário do MSN ou de outros programas similares já deve ter percebido que a pergunta mais idiota do mundo é: E as novidades? Geralmente alguém pergunta por educação e lê a expressão “nenhuma novidade”, que é a resposta tradicional, e pelo restante da noite se esquecem. Após o desprezo, algumas pessoas começam algumas chantagens emocionais por mensagens SMS ou via e-mail e a vida segue. Não me presto a isso habitualmente.

Durante toda noite percebi que frases surgiam conforme o estado de espírito, emocional, pela dor de uma perda, recados deixados, piadas... Poucos utilizavam apenas os nomes como eu. Sempre penso que é uma técnica usual para começar uma conversa sem a famigerada frase e pensei em responder algumas. “Em casa sozinha” – por mim morre, sozinha – “Lá vem o desespero machucando o coração”, pagodeira nostálgica pensei; “Prometo te dar carinho mas gosto de ser sozinha”, Ôpa, está daquele jeito que o diabo gosta. Enfim. Melhor não.

Parece que tudo estava muito adolescente devido essa feia mania das mulheres gostarem de homens mais velhos, quando são mais novas, e de homens bem mais novos quando estão mais velhas. Aff! Eu, aos trinta anos de idade rodeado só das baladeiras que mal completaram 20 e tendo que escutar das outras que era uma pena ter apenas essa idade como se isso dissesse alguma coisa. Idealizei minha vingança.

Com crises existenciais já me acostumei e nem uso mais remédio quando elas chegam. Porém, crise de maturidade é um pouco mais divertida. Preterido pelas mais velhas, pensei em chantagear coletivamente as novinhas, várias daquelas que possivelmente estariam dispostas nos dias que seguiriam. Retirei o meu nome e imediatamente digitava repetidamente: “Quando ela me vê fica OFF” e depois “Estará OFF do meu fim de semana e da minha vida”.

Mensagens e winks explodiam na tela e eu, rindo feito bobo, provocava respostas sobre Filosofia, mitologia, sacanagens inteligentes (que muitas nem entendem), indicava textos e livros e que elas respondiam pacientemente para que a cada dia do fim de semana eu pudesse escutar sempre uma amiga mais velha dizer ao meu ouvido: “Credo, você e mais uma novinha!”. Elas, além de não nos quererem, ainda nos querem só. Vai entender. Aff!