SEM ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Basta faltar um afago e eu vou logo dando defeito.
Um dia sem abraços e meu funcionamento fica comprometido.
... a minha manutenção e/ou restauração é no presente improvável, não há assistência técnica especializada por perto (talvez também não exista longe), meu manual está completamente codificado e os seus sinais me são desconhecidos, os peritos com quem contato por algum motivo não conseguem mais servir sequer de paliativo.
A príncipio era mais simples, eu apenas dava umas batidinhas em minha solidão e a imagem voltava como a de uma TV velha, as vezes ficava sem som por alguns instantes, mas tudo bem eu gosto do silêncio... depois vinha voltando aos poucos o som baixinho, depois muito alto como que um agudo de um soprano e enfim tudo voltava à normalidade (se normal é bom, eu não estou plenamente convencida, mas é cômodo ao menos).
Agora não, as batidinhas já não resolvem (nem que eu desse porradas), girar a antena de posição também não. Nem aquele velho silêncio existe mais, é tudo de um chiado irritante e as imagens transitam de forma inconsistente, isso quando não é tudo coberto e infestado de névoa e borrões.
Hoje não dá para achar elegante ou atraente a solidão, mas não poderia abrir mão dela tampouco, ela de algum forma compõe o que sou (não de forma triste, isso não!), com maestria.
Esses meus choques com/contra a solidão, são como o ferro contra o ferro se afiando, se amolando e cuspindo fogo ao redor, mas se assim não fosse, a dureza do ferro não tornar-se-ia em instrumento e nem sua resistência encontraria utilidade alguma.
Eu amo a minha solidão, sim é fato.
Mas hoje eu desejaria projetar outra coisa em seu lugar. E sentir tudo funcionando perfeitamente e ver tudo como programam por aí.
Assim: "Feliz, lindinho e até EMO*", com borboletinhas no estômago, calafrios, tremores, taquicardias e... e... e, peraí!
E que diabos eu estou dizendo?
Eu hein?!
Quero nada disso não.
Antes com defeito que acometida dessa patologia chamada fulgacidade e paixão...