Janeiro
A praia, céu de um azul que não se acha nas caixinhas de lápis de cor e nem nas tintas para pintura, retorcendo as nuvens, que hora tem uma forma, hora outra. Não se cansam de brincar, de imitar coisas. O vento por sua vez, tão cúmplice, não deixa de fazer a arte final e a maldade de limpar tudo depois. Mais a esquerda o sol que ofusca os olhos e arde no corpo molhado, talvez ele não goste de ser espiado feito o céu que esbanja a beleza do limite, onde a vontade é espalhar as nuvens com as mãos e sonhar que elas têm o mesmo gosto do algodão doce. O cheiro de mar, a brisa que parece ter gosto de sal, assim como a água que corre com as ondas pela areia molhada na beira, tentando alcançar meus pés, mas quase nunca consegue. A sonoridade, que parece congestionar o pensamento às vezes, faz pensar em tantas coisas em apenas meio segundo. Talvez seja por isso que estou sentado aqui há quase duas horas.