Geovani, o piloto.

Antes de tudo, trago uma promessa: foi essa a última vez que vivi a emoção que vos falarei. Telefonema maldito e fora do tempo. Digo mais: estivesse Geovani a dormir; mas não, o infeliz estava acordado; atendeu o telefone e – o pior! – foi encontrar-se conosco. Um sorriso uníssono manifestou-se. É: uníssono. Contaram piada? Não! Era algo ainda melhor e imprevisível: vinha Geovani, pois, ao volante. Que graça há, perguntarão. Peço que não tenham pressa. Nosso nobre amigo é... vejamos... Um pouco “lento” ao volante. Aliás, poderei estar errado. Usarei de suas próprias palavras: “Rapaz, eu não passei no teste ainda, só que minha mãe sabe que eu sei dirigir, então emprestou-me o carro”. Curioso relato. Deixo a quem me lê a prova da veracidade. Enfim, conversamos um pouco – éramos Espigão, Geovani – o Grande -, Bozó e Atômica – e (foge-me à memória quem teve a brilhante idéia) resolvemos sair. Espigão, o inocente, pontuou: por que não vamos no carro de Geovani? É bom que vemos como ele dirige. Não fosse esse fato, hoje engraçado, dir-lhe-ia, espigão: pro inferno com sua idéia! Então resolvemos sair. A princípio, tudo transcorria bem. De repente, o céu tornou-se escuro; Geovani, antes concentrado, vira para nós com um olhar sombrio (que diabo ele ia fazer?). Do lado direito, uma topic; do esquerdo, um carro. Pára. Iria ele passar entre eles?! Creio que esqueci de dizer que o espaço entre ambos era mínimo! Mas não era qualquer um que iria atravessar o mar de fogo; era, pois, Geovani, O piloto. Aqueles segundos, direi, foram os mais lentos de minha vida! Não lembro de ter pensando em nada, exceto que iria – santo que sou – para o céu. E Geovani foi. Espigão foi o primeiro a gritar: “Você é maluco?!” E, quando a esperança havia deixado o ar, ele passou. Sim, centímetros perto da morte, passou! Glorificado, disse: “Viu como eu estava certo? Foi até fácil” (e talvez na cabeça dele tenha sido mesmo). Chegamos ao nosso destino. Sentamos. Comemos. Saímos novamente. Há quem pergunte por que nenhuma santa mente passou o volante a outra pessoa, e eu responderei

: Confiávamos plenamente no nosso co-piloto, Bozó. Mais conhecido como o herói, Bozó tem enorme pratica na direção, além de uma confiança (isso aqui já é fora do comum) demasiada em Geovani, o super-homem. Então, novamente, seguimos. Ó a volta nossa de cada dia... Por que, por que, ó melindrosa volta, tu tanto nos assusta? Já sabem vocês o porquê

: era Geovani a pilotar, isso basta! Cada um absorto em sua mente, vimos todos Geovani aproximar-se de outra topic (será fetiche, Deus meu?). Não é só: ele se aproximava e não parava. É: ia em frente desenfreado (estaria cego?). Bozó, o calmo, virou satanás: “Pare, Geovani, pare!.” E ele não parou. Ao quase colar no fundo da topic, um freio misterioso segurou o carro, que parou inerte. Certamente seria a mão do destino, ou então eu não estaria a vos falar. Depois disso, chegamos em casa salvos (acreditem!). Não sem desconsiderar o pesar dos pesares, faço uma meia-conclusão: Seguimos todo o trajeto com Geovani, em verdade, porque o que nos move é a adrenalina. Ainda assim, prefiro, hoje, ficar sem liberá-la. Geovani, um consolo: Antes um amigo barbeiro do que um barbeiro amigo.