A bala perdida

Em um barraco qualquer da favela uma linda mulher ainda menina-moça avalia seus dotes diante do espelho, sonhando com a fama, sem que note o que acontece ao redor। O batom vermelho na boca é toda a maquiagem que usa. A sandália de salto, a calça marrom e uma blusa de renda com um degote generoso contornam seu corpo de curvas perfeitas que arranca suspiros de qualquer cidadão comum. O mundo lá fora continua na mesma rotina com o corre-corre, com o barulho de tiros no alto do morro, com alguém gritando por socorro na esquina, uma cena comum para ela, pois na favela quem mata quem morre é só um detalhe, êsse é o retraro da violencia local, ela avista isso diariamente de sua janela. Passista de uma escola de samba ela é desde que nasceu, seu sonho dourado é ser porta bandeira da escola, desfilando na avenida ao lado do namorado. Sôbre a cama a fantasia para o teste da manhã seguinte está preparada, por isso a menina sonha acordada. A vida na favela é um saco, sempre a mesma rotina, e de repente um tiro de fuzil disparado a esmo pelo traficante, só para experimentar a arma, uma bala perdida que atravessa a janela do barraco e atinge aquela menina -noça, manchando sua blusa de renda branca que ganha o tom de vermelho sem que ninguém ouça o ultimo suspiro que ele dá diante do espelho. Maldito traficante!!!

Michele viny
Enviado por Michele viny em 10/07/2009
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