O Encontro
Seguia aflito, preso à essa correria pueril da faculdade, quando subitamente cruzei com uma moça que carregava uma criança no colo.
Mas que encontro admirável!
Eu já descia os degraus da escada quando me detive a olhar o menininho que seguia com a mãe. Ele parecia, metido em sua toca e em seus pequenos agasalhos infantis, um desses anjinhos barrocos que se encontram na vidraça de igrejas... Mas o que me deteve foi seu olhar, compenetrado, curioso, que fatalmente se distanciava de mim, aos passos insensatos da mãe, alheios ao nosso encontro. Foi tudo tão breve...
Trocamos olhares; o menininho me encarou docemente, ao passo que eu, suspenso, lhe retribuia com os olhos tomados por uma ternura arrebatadora. Sorri um tímido sorriso, e ele, de imediato, me surpreendeu com um largo sorriso resplandecendo no seu rostinho de anjo, e naquele instante qualquer, naquele estranho segundo, o mundo se fez nosso. A essa altura já éramos cúmplices do mesmo sorriso. Certamente, grandes amigos...
Acenamos em despedida. Meu pequeno amigo se foi e eu retornei tragicamente à correria do meu mundo, mas agora com a doce sensação de que havia finalmente ganho meu dia.
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