Para os Outros
Para os Outros.
Respondam-me sem pensar: Para que buscar a felicidade?
Para logo ir embora e carcomer nossos espíritos, deixando apenas lágrimas e tristeza?
Para nos deixar na mão quando mais precisamos de sua companhia?
Para nos fazer sofrer por algo que não somos culpados?
Para nos deixar em um estado mórbido e calamitoso de vergonha e saudade?
Para ela escapar entre nossos dedos, deixando-nos apenas a memória de bons momentos?
Para cansarmos de correr em sua busca e, incansáveis que somos, nos deixar exauridos de dor e aflição, desamparados, jogados ao chão, em busca de nosso coração perdido?
Deixar-nos iludidos por um mundo de falsas verdades tolas e patéticas?
Sim. É esse o preço (serviço) da felicidade.
Ela nos deixa em êxtase, porém, quando se vai parece que leva tudo consigo, como, em utopia, um amor que se deixa aproximar e logo após nos arranca tudo de bom.
Contudo, a felicidade é muito amiga da confiança, da esperança e do amor.
Mas quando se vai, consegue levar junto todos esses sentimentos, e ainda arranca de nosso peito o resto que sobra para nos reerguemos, arranca tudo que sentimos, aliás, tudo, tudo não.
Ela acaba se esquecendo e nos deixa, a dor, a aflição, a agonia, a ansiedade, a vergonha, a desconfiança em um futuro bom, o desamor, o apego por coisas fúteis, e ainda nos deixa a insônia.
Sim, a insônia, ou, a vontade de não dormir, já que até nossos sonhos são medonhos.
E quando o sono se vai, os sonhos desaparecem, a mente se confunde, e aquele frio na barriga se torna algo doloroso, é como e aqui dentro do peito não houvesse nada por dentro, e tudo é um vazio. Não sinto nada. E sinto tudo.
O estranho é que não aprendemos nada com isso. Deveríamos aprender a viver tranqüilos. E ao invés de correr atrás de daquilo que não nos pertencem, deveríamos as deixar para os outros.
Sim. Deixe para os outros.