AQUI FICO
Aqui fico
Osni Silva
Da vertente da serra, sob sol causticante e recebendo no rosto leve brisa, galgou a serra, deparando, no chegar ao cume, após leve descanso debaixo de um arbusto, assentado numa rocha, com o seu mais profundo amor pela natureza.
E nesse momento buscou purificar a alma, o espírito, a mente, com o mais puro esplendor do EU SOU e de sua ORIGEM DIVINA.
Entardeceu,
e o sol,
no horizonte,
criava as mais lindas projeções coloridas que seus olhos já viram.
Do cume da serra até as nuvens...
Do dourado ao cinza,
do vermelho ao rosa,
do vermelho chamejante ao azul claro e do azul escuro ao branco.
Uma dança de cores, tendo como ponto central, ao fundo, beirando a serra e montes, o deus SOL.
Olhou para a cidade,
frágil diante daquele espetáculo da natureza,
observou luzes,
muitas luzes artificiais,
criadas pelo homem e ofuscadas pela névoa.
Chegara o momento de descer e, retornado a uma realidade do dia-a-dia, comparou a massa humana, egoísta, e a frágil comunidade, diante do espetáculo pouco antes vivido com êxtase e profundo amor...
Com êxtase e profundo amor!
Chorou e lamentou,
quase não tinha vontade de voltar ao convívio na cidade,
voltava com desânimo e lagrimas descendo pelo rosto...
Foi observando e descendo:
-matas, campinas, córrego, atalhos, o firmamento azul, estrelado, iluminado também pela lua, os cânticos dos pássaros e o silêncio da noite...
Parou. Parou, ajoelhou e gritou firme:
-Não...
Não volto para a cidade. Aqui fico e aqui morrerei!