Para fazer alguém feliz...
Águida Hettwer
 

    
Não precisa muito aparato, nem pagar promessas, ou fazer mágica tirando da cartola um mundo de ilusões. A felicidade na maioria das vezes, escora em nosso ombro, faz peso e não nos damos conta disso. Lembre-se lá do pátio da infância, como era fácil ser feliz quando éramos crianças.
 
   Juntávamos uma porção de quinquilharias, jogava pinica com a garotada, trocava figurinhas de jogadores da época, ralhavam os joelhos, na tentativa de aprender a andar com a sua “Caloi” a sensação do momento, e hoje em dia, sonha com o “Carrão do ano”, para conquistar a “mulherada”, por pura exibição e massagem no ego.
 
     Vestia-se com as roupas da irmã mais velha, compradas em alguma loja que vendia,
 “a quilo” ou em promoções, adquiria-se uma peça e levava duas, pelo mesmo preço de barbada, e na sua sã concepção parecia estar desfilando na passarela do “Fashion Week” ao lado do Gianecchini.
 
    Na atualidade, compramos futilidades, para preencher o grande vazio da alma, pagamos um alto preço nas etiquetas, por modismo barato e sem nexo e continuamos ocos por dentro, buscando substituir em coisas materiais, para amenizar as frustrações do acaso.
 
   E tudo era maravilhoso, como achar uma agulha no palheiro, para poder costurar o casaco rasgado. E quando estávam “apaixonados”, que beleza, não é mesmo, ganhar um sorriso, faltando “aquele dente de leite” da frente,  era o mesmo, que acertar na loteria esportiva sozinho.
 
   E quando a mamãe esquecia que já estava escuro, e as brincadeiras se prolongavam até mais tarde, e pra você nunca era tarde, para dar continuidade nos seus projetos importantes. E cansado, adormecia, sem tomar banho, e tudo lhe cheirava bem.
 
     Sem reclamar da vida, avistavam novas perspectivas, num simples gesto, no partilhar de um pedaço de bolo de fubá feito pela vovó, do qual na época você achava “um manjar dos deuses” e hoje no mais sofisticado prato, disfarça que era tudo que queria degustar. Afinal é chique comer pouco, e tomar chá às cinco horas, numa pontualidade britânica de dar inveja.
 
      Lembra-se, quando apanhava frutas na cerca vizinha, e tinha o doce sabor da simplicidade nas mãos, e era feliz, sem questionar tanto a vida, sem reclamar de pequenos detalhes, das contas á pagarem, graças aqueles que as tem, significa que está prosperando e levando a vida adiante.
 
   E nos damos conta que a única herança que podemos deixar, é as palavras concisas na hora certa, o silêncio precioso, quando o outro fala, a humildade de aceitar o que no momento não pode ser mudado e viver feliz com aqueles e com aquilo que se tem de concreto nas mãos.

   A vida é bela, para todo aquele que, não perdeu a doçura da infância, faz de pequenos momentos, grandes acontecimentos.
 
    A vida lhe sorri hoje, abra as janelas!
 
         09.07.2009