BYE,BYE, MICHAEL JACKSON !!
Na noite de 25 de junho de 2009, eu estava num intervalo de aulas, quando um colega de trabalho me disse: “Michael Jackson morreu!”. “O quê?”, perguntei-lhe, “acho que você ouviu errado. Ele está em evidência, porque vai fazer 50 shows na Inglaterra.”, informei. “Nada disso, morreu mesmo, “empacotou”, foi dançar Thriller num cemitério de verdade.”, disse o meu amigo.
Fiquei com raiva, mas entreti-me com os alunos e só fui saber detalhes do funesto acontecimento, quando assisti ao Jornal da Globo, do SBT e da Band, também. Invadiu-me uma melancolia, não apenas porque adoro a maioria de suas músicas, mas, sobretudo, porque os noticiários faziam questão de enfiar o dedo na ferida e cavoucar até sangrar.
De lá para cá, embora eu só consiga ler (parcamente) A Gazeta e assistir aos noticiários do intervalo pós-almoço e à noite ou de madrugada, posso dizer que a maioria dos veículos de comunicação, ávidos por ibope ou por dinheiro, não deixa a alma dele subir de jeito nenhum. Isso me faz lembrar os casos Isabella Nardoni, Eloah, queda de aviões... e eu fico sem saber por que o ser humano adora saber sobre tragédias, sangue e lágrimas. Tá certo que rapidinho ele se esquece de tudo, mas... é ou não é assim?
Bem, deixemos essas elucubrações para lá e voltemos ao Michael... Só porque ele nasceu na América do Norte e eu na do Sul, perdemos a chance de morar no mesmo país, no mesmo estado, na mesma cidade, no mesmo bairro e, quem sabe, de estudarmos na mesma escola, na mesma sala... Teria sido ótimo nós crescermos juntos e eu poder lhe sugerir o que fazer para se vingar daquele pai e família de merdas que ele teve.
Em relação à sua bobeira de não querer crescer e de se “amarrar” em criancinhas, eu não me incomodaria em dar-lhe uma meia dúzia de beijos na boca e em ensinar-lhe a gostar de mulher; afinal, o que não se faz por um amigo do peito, não é mesmo?
Isso mesmo, eu adoraria ter sido sua amiguinha de infância. Não para ter direito ir à roda gigante do Neverland, não para ir aos shows dele de graça, mas para olhar bem firme em seus olhos e dizer: Come on, dear, stop trying to hide your roots! (Sai dessa, querido, pare de tentar esconder suas raízes!). Duvido que diante dos meus argumentos ele tivesse chegado àquela cor de neve ou ao narizinho de caveira dos último anos.
Só por causa dessas “descoincidências”(Rs,rs,rs...), na última terça-feira, ninguém se lembrou de me convidar para ir ao Staples Center em Los Angeles dar algum depoimento, chorar publicamente ou, simplesmente, assistir ao seu “showneral”. Assim, eu não fui e nem posso me queixar, porque as amigonas dele, Liz Taylor e Diana Ross também não foram e, aliás, nem posso dizer que o Steve Wonder viu (rs,rs,rs...).
Infelizmente, porém, fiquei sem os souvenirs: os convites, a pulseira e o livro dourados que foram distribuídos para os 20 mil sortudos que puderam ir. Aposto que entre eles havia muita gente que, há não muito tempo, o chamava de pedófilo, de pervertido, de eunuco, mas há pessoas que se “rasgam” para ver celebridades.
Como nem mesmo pude acompanhar a cerimônia pela TV (por absoluta falta de tempo), tenho visto retalhos nos noticiários televisivos e sabido de detalhes por meio do jornal que assino, e duas notícias me preocuparam.
A primeira delas é o caixão dourado. Ele é revestido de ouro 14 quilates, gente! Sabe o que isso pode significar? Duvida que algum gaiato resolva desenterrá-lo e oferecer, a preços módicos, pela internet, pedacinhos do seu esquife e também os dentes e os ossos?
A segunda notícia é sobre o site em que o porta-voz do prefeito de Los Angeles pede doações aos fãs de Michael Jackson para cobrir os custos do “showneral”. Sinceramente, eu acho essa medida uma pobreza, porque continuo achando que “quem não tem rodilha não deve pegar na lata”, para não falar outra coisa bem cabeluda.
Sei que muitos americanos doarão, mas duvido que todos os 20 mil sortudos metam a mão no bolso para fazê-lo. Quando se fala em dinheiro, para muita gente o amor acaba, o choro idem e a paixão se esvanece. Não me admirarei se diante dessa proposta do prefeito muitos chorosos enxugarem as lágrimas e, “fazendo cara de paisagem”, saírem de fininho, dizendo quase inaudivelmente: Bye, bye, Michael!!