Filhos - Parte I
É o velho clichê de sempre. Por melhor que sejamos, mais virtudes reunimos, livros que tenhamos lido, nada importa. Filhos são e sempre serão uma surpresa após a outra. Perdoem, mas hoje não consigo imaginar outro assunto. Quem os tem, quem já os viu criar asas ou quem analisa agora as possibilidades de procriar, convém não pensar muito senão desiste. O roteiro não muda, alguns podem até burlar a página, dar voltas, apostar na outra tentativa mas cairá sem rodeios nos mesmos personagens, erros, acertos e dúvidas. Porque seria mais fácil virem com manual de instrução e resenhados claro, pois não temos mais tempo disponível para uma enciclopédia. Eu sinceramente não me lembro de meus pais buscando análises técnicas para lidarem com meus irmãos. Se não me incluo aí? Não lembro também. Nestas horas prefiro ausentar a memória. Vai dando tudo certinho na medida em que se tem as respostas num caso aqui, um mais velho ali, uma entrevista acolá. E a sensatez, esta é fundamental. Questões existem as mais complexas e a partir de conjeturas firmemente protestadas cria-se o próprio mandamento. Quando nascem, nosso seio é suficiente, quer nos parecer tudo tranquilo a nossa volta ou pelo menos assim senti; mas a coisa toda cresce e muda na mesma proporção dos rebentos e a gente começa a ter la no fundo o desejo que se tornassem autotróficos (mandei bem,fala sério!). É uma agonia interminável a elaboração de um cardápio e suas substituições, hora certa e choro desesperado de fome quase sobrenaturais. Mas é uma fase. Passa. A sua passou? Nem a minha. Certa vez um pediatra-psicoterapeuta-infantil-chefe-de-setor-sei-la-de-onde me assegurou ser necessário vitaminas farmacológicas extras,já que eu não tinha um pomar no quintal e ninguém me garantia que as frutas da feira foram colhidas momentos antes de estarem ali expostas. Entendí. Fiquei meio frustrada achando que não tinha nenhuma formação técnica para cuidar das crianças. Senti que me faltava muita informação, que não saberia conduzir as coisas. E acabei esquecendo que esta não seria a primeira vez a passar por tudo isso. Foi com grande alegria e satisfação que parei de me atormentar quando a minha primeira filha veio me dizer "mãe, deu certo comigo,você foi maravilhosa, eu sobreviví, ela também vai sobreviver". Ah!! Mas que ótimas palavras. "Eu sobreviví"!! Sobreviveu a mim!!! Legal,pensei, se algum ser é capaz de sobreviver a mim, então tá tudo certo. Sinal de que eu SEI CONDUZIR AS COISAS! Alentador...
O fato é que a gente sabe e duvida porque quer. Há uma verdade que nenhum médico sabe explicar mas que também não tem o direito de duvidar: Somos mulheres, agimos com a razão, porém em se tratando de filhos o instinto e a sabedoria que nos é nata se sobrepõe. Basta-nos a intuição materna, o resto se ajeita. Nem que esta intuição venha nos levar a buscar ajuda seja la onde for.
Esta semana a questão da sexualidade "brotou" aqui em casa. A pequena de onze anos me pegou de surpresa. Liguei pra amiga psicóloga, busquei leituras a respeito, perdi o sono,chorei. Mas novamente foi a mais velha quem me salvou ao dizer "mãe, comigo você foi nota dez, eu entendí tudo, as explicações foram claras e suficientes, você soube conduzir e sou uma adulta feliz; repita com ela, vai dar certo".
Mais um cascudo destes e volto pro jardim de infância!!!!
Beijos,
Anjodecristal.