Gente, eu sou do tempo do telex! Do telegrama também, daqueles de ir ao correio e contar as palavras que se escrevia no formulário para o funcionário calcular o valor. Quando veio o telegrama fonado, nossa, que progresso! De casa mesmo a gente mandava notícias (quase sempre ruins). E o interurbano via telefonista? Ligar 107 e pedir um interurbano. Aguardar duas horas. Nó!!! Eu tô velho ou é o tempo que adiantou as coisas?
Não ter um endereço eletrônico hoje está sendo considerado o mesmo que não possuir CPF. O CPF tem muita gente que só sabe que é preciso quando a receita federal lhe cancela por algum motivo. Já o e-mail, a maioria tem porque todo mundo tem de ter; é assim e pronto.
– O que??? Você não tem e-mail?
- Até hoje, cê acredita?
- Ah, não é possível, você não deve ser desse mundo...
Há aqueles que passam o endereço de trabalho para suprir essa inaceitável falta com a desculpa:
- Manda nesse endereço aqui, que o computador lá de casa deu pau e não consigo abrir o meu. Como se fosse endereço físico.
A gente herda sem genética nenhuma na cultura, hábitos bons outros menos, uns essenciais, outros inúteis, mas “da hora!” O e-mail, entre suas indiscutíveis finalidades serve para se livrar de chatos.
- Me dá o seu telefone, que depois te ligo.
- Olha, vou te dar meu e-mail, que é mais fácil me localizar. Ando com o tempo apertadíssimo...
Muita coisa, amigos e até mesmo desconhecidos nos encaminham, através de listas quase sempre virulentas.
Fica abrindo todos os dias quem tem tempo, para ver se chegou alguma correspondência que valha a pena.
Experimente não apagar nenhuma mensagem recebida durante seis meses e depois dê uma relida para verificar a utilidade.
Vamos ter que nos acostumar, mais dia, menos dia, com o calor eletronicamente humano.
OBS: esta crônica já está com velhice crônica. Foi escrita um ano atrás.