Meu querido pé de azeitonas pretas.
Quando éramos adolescentes, Palloma, minha melhor amiga de infância, e eu, em nossas andanças pela cidade descobrimos dois enormes e exuberantes pés de azeitonas pretas em um recôndito lugar. O local era simples, talvez sem beleza para alguns, mas para nós era mágico. Eu, a mais atrevida para esse tipo de coisa, subia para recolher as azeitonas, enquanto Palloma policiava a minha subida. Nos galhos mais altos, pés descalços, ia em busca daqueles frutos... na falta de onde guardar, alguns eu comia lá em cima mesmo e outros eu arremessava para ela. Ainda posso ver as gargalhadas, as histórias e os sonhos compartilhados naquelas tardes tão sublimes. Foram inúmeros risos e gargalhadas inesquecíveis. Minha memória falha me furta a maior parte dos momentos, das palavras, mas não os sentimentos, não as emoções...
Lá no alto daquela árvore eu me sentia livre. Livre pra sonhar, pra rir, pra criar os laços de uma amizade indestrutível. Hoje eu sei que ela não gostava muito de comer azeitonas, mas comia mesmo assim. Comia, porque achava que assim estaria me agradando e eu comia não porque gostasse, mas porque o sabor, naqueles momentos, era diferente.
Quando adultas prometemos voltar lá e voltamos, mas o lugar não era mais o mesmo, tudo havia mudado, não porque haviam cercado “nossas” árvores, mas porque, talvez, havíamos crescido e juntamente com isso desaprendido que a felicidade está nas coisas mais simples da vida...
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