LLOUUCCA & BREVE!!

Nestes tempos modernos, onde o futuro já se faz presente, me vejo como narciso, preso neste espelho dentro de mim mesmo, livre no reflexo que me aprisiona. Esta vida louca e breve!

Nestas vias desgovernadas, onde o tempo e a pressa se confundem com os cruzamentos e as marginais, me sinto como um veículo transportando sonhos noturnos em dias frenéticos, preso no reflexo que me atordoa, livre do espelho que me aprisiona.

Até ontem, nada que vivi hoje me assustava. Todos, tudo cruzando os mesmos caminhos em direção ao fim. Tudo tem um fim, pensei. Pensar é meu único passatempo, e tempo eu tenho de sobra, meú ofício é contá-lo, neste tempo, em tempo, diuturnamente, constantemente, como mente a mente, cada pensamento, um momento, sofrimento, desabamento, da moral, da ética, profética sensação de estar dentro do sistema, parte da engrenagem, homem, tempo, dinheiro, família, sucessão, herdeiros, genética, fábrica de pensamentos e pessoas, reflexões sobre o nada, apenas a sobrevivência do clã.

E continuei, nestas madrugadas ensolaradas, nestes dias anoitecidos, o sol dando voltas em torno da terra, e a lua girando no sistema, apaixonada.

Nestes tempos selvagens, a violência com requintes e a tranquilidade trancada em penitenciárias de segurança máxima.

Nestas vias aceleradas, loucomover-se é assinar a certidão de óbito, viver não assusta, apenas, agride o inconsciente, move o corpo para onde ele não quer ir, delírios e explosões nos subsolos da mente.

As aparências não enganam mais, somos todos iguais, diferentes em tudo, nada mais nos separa, nada nos une, a alma está pequena, demais, desaparecida dentro deste corpo cheio de hormônios e músculos e ferro e massa e ferrugem e gordura e esteróides e tudo o que for possível e o impossível para se ter um corpo sarado e a pele saudável, e sem rugas e o quê mais? As fãs gritando, o eco do ego, a alma inchada, o rosto sorridente, os dentes brancos, e a conta bancária gorda, e o resto do mundo não me importa, não na minha porta, noutra freguesia, tudo o que eu queria era umas férias.

Tudo, estes tempos modernos, que já existiam, e eu, continuei, nestas horas, nestes minutos que não se acabam, que não tem fim, pensei, estas vias sem saída, sem acessos, vias sem volta, tudo que eu queria era umas férias, bem longe.