Amor em Tempos de Gripe

Vinte e cinco anos depois, filhos crescidos e logo chegando os netos, nada melhor do que esquentar o amor. Mês de férias e inverno, aniversário de casamento perto, era a chance perfeita pra realização de um sonho. Dava pra sonhar em 24 vezes, bem planejadas.

Tinha comprado um cachecol e uma camisola. Há 7 anos pelo menos não tinha uma camisola nova. Tudo estava dando certo. E na mente um filme romântico já rodava. Ele discreto concordou em fazer as aulas de tango pra realizar o sonho dela. Porque o dele mesmo, era a Libertadores da América, no La Bombonera com a casa cheia, enchendo o peito e gritando forte pra apoiar o Cruzeiro. Ela não sabia, mas ele iria ao estádio com certeza, estava tudo planejado na cabeça.

Os sonhos de amor dela por ele estavam bem alimentados, os sonhos dele pelo Cruzeiro fertilizado em gols. Tudo certo, tudo pronto.

Mas um acontecimento mudou toda a questão. A tal da gripe do porco, que ganhou nome que parece de modelo de avião, foi um golpe duro demais ao amor inflado no peito.Como ar que sai do balão os sonhos foram se dissipando.

- Ah! Mulher! Com esse bicho de gripe matando até os argentinos, é melhor não brincar.

- Mas como vamos comemorar o aniversário de casamento? Já pagamos 8 prestações!

- Liga na agência e cancela tudo.

-É verdade, bem! Também nem dá pra beijar de máscara! E quando agente vai comemorar então?

- Essa praga de gripe é sinal pra não ter comemoração. Deixa isso pra daqui 25 anos que tá bom.Eu vejo tudo pela televisão.

Alias
Enviado por Alias em 08/07/2009
Código do texto: T1688513
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