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A COLEÇÃO DE SORRISOS...


Era de poucas palavras apesar de fazer bem o uso delas. Reconhecia o valor e a força que as palavras tinham, portanto não as desperdiçava por saber das consequências desastrosas que o mau uso ocasiona. Por uma palavra mal dita há grande infortúnio e desentendimentos.

Para compensar a escassez de palavras pronunciadas, Jully abusava do poder do sorriso e da capacidade da sua observação. Ouvia bem mais do que falava. Deveria estar certa, afinal nos foi dado dois ouvidos e uma boca...

No dia em que a professora solicitou aos alunos que levassem para trabalho valendo nota, uma coleção de objetos preferidos, Jully não hesitou em levar a sua. Na hora da apresentação, a professora e a turma estranharam. A menina não trazia nada nas mãos. Quando lhe foi perguntado onde estava a sua coleção, Jully respondeu:

- A minha coleção não dá para trazer... – Tentou explicar. Foi interrompida por gracinhas de um colega:

- É de carro ou de elefantes? – Riu-se dela o Jonas.

- Não... A minha coleção é de sorrisos! – Respondeu convicta.

Ao invés de sorrisos, Jully viu à sua frente uma coleção de gargalhadas.

A professora para acabar com a balbúrdia em sala, disse para Jully sentar-se em sua carteira e que retornasse no dia seguinte com uma coleção real.

Passaram-se anos e aquela menina Jully tornou-se uma mulher inteligente, educada, feliz. Mas, não abandonou aquela mania de colecionar sorrisos... Só que depois daquele episódio em sala de aula, quando criança, já não revelava aquela sua coleção para ninguém. Apenas colecionava. E os separava de acordo com as atitudes.

Antes, quando não sabia expressar-se bem, nos tempos de menina, denominava “sorriso amarelo”, agora ela sabe que esse tipo é o sorriso tímido. E é tímido por vários motivos: por vergonha de estar no meio do desconhecido, por ter que apresentar um trabalho em público para muita gente, por achar que não está vestido adequadamente para o ambiente freqüentado, enfim, por muitos motivos.

Havia o sorriso interesseiro ou falso. Aquele dado por alguém que deseja algo que você tenha. Geralmente esse tipo de sorriso é usado por políticos, vendedores em comércios, pessoas interessadas em conquistar um emprego ou os sogros, o namorado, entre outros.

O sorriso sublime, Jully pode identificá-lo nos olhos daquelas pessoas de alma pura, transparente quando tomadas de grande dor, no corpo e/ou na alma e mesmo assim, para que o outro não sofra com a sua dor, faz um esforço sobre-humano para não deixar transparecer o sofrimento que lhe aflige. E sorri.

Jully conheceu o sorriso sincero pelo brilho dos olhos. Olhos são “traidores do bem”, ou seja, eles revelam o real, não nos deixam ludibriar. Por mais que a boca tente enganar, os olhos não mentem. Nas faces puras das crianças e amigos verdadeiros é onde Jully encontra mais desses sorrisos que transmitem a paz...

O sorriso feliz é quando alma transcende e sorri não só com os lábios, mas com os olhos, com a expressão alegre da face, com o corpo em gestos bailados. Em vários momentos Jully pode contemplar pessoas assim ou ela mesma quando diante de espelhos.

Apesar de preferir os sorrisos sinceros e felizes, Jully tem grande apreço pelo sorriso sublime, pois reconhece que só belas almas, pessoas dotadas de grande amor é que são capazes de fazer uso deles.

Por ser conhecedora dos diversos sorrisos, Jully procura fazer uso somente dos felizes e sinceros, ciente de que o sorriso é idioma universal compreendido pelo mundo inteiro, ela gosta de transmitir verdades quando sorri...