UM GRITO NO ESCURO

Preciso imediatamente apagar a luz dessa tristeza insistente que se derrama sobre a existência humana como uma cascata inesperada e nada benfazeja.Pelo contrário, muito cruel. Há que ser desligado o plug da tomada da amargura e cortar com pressa os fios da eletricidade melancólica que vem eletrizando as almas desavisadas. Nesses instantes de sopesada reflexão acerca do meu próprio ego que se atormenta ante essa nuvem negra pairando sobre a alegria moribunda, bem que eu gostaria, e muito deveras, de atirar incontáveis pedras na lua, de cortar os flocos de nuvens no céu e jogar milhares de estrelas na felicidade enganadora. Sim, porque essa estória de felicidade, absoluta ou relativa, não passa de alguma invençãozinha desmiolada de quem achou por bem criar algo diferente para ser sui gêneris, no intuito de tornar-se inédito. É espantoso como essas coisas acontecem assim sem mais nem menos. O mais interessante é que todos nos agarramos a esse desejo de ser feliz de maneira desmedida com unhas e dentes.

Vou arrancar asas de borboletas e pregar seus corpos com alfinetes em painéis enfeitados à base de bicos de beija-flores destroçados com porretes de basebol. Os pássaros que não inventem de fazer cocô sobre minha camisa lavada e engomada hoje, e os pombos que não emporcalhem as estátuas inertes sobre as praças onde os cães sujam quando passeiam com seus donos. Aliás, frise-se, são porcos esses que levam seus animais de estimação para caminhar pelo bairro e esquecem de apanhar e colocar no devido lugar, isto é, a lixeira, os excrementos dos cachorros cagões. Muitos desses espertinhos, pelo contrário, vão saindo de fininho e escondendo o rosto na maior cara de pau do mundo para não cumprir essa obrigação cidadã. E a mer...cadoria fica pelas calçadas esperando algum desavisado pisar sobre ela. Arre!

Abaixo urgente a publicidade idiota que se vê nos intervalos dos programas televisivos. Tanta estupidez dá a impressão de inexistir criatividade no universo da propaganda. É de deixar qualquer ser racional de cabelos em pé assistir a algumas bobagens que se queixam de ser publicidade na TV. Fora com essa papagaiada desconexa e esse nhenhenhem escalafobético que somente blablableja e tantas vezes expressa apenas o óbvio ululante sem qualquer resquício de criatividade. Afora essa estória de atores e atrizes fazendo apresentação de produtos que não usam nunca e jamais usarão. E determinados programas apresentados pela TV? Ah, joga tudo no lixo! Por favor, há vida inteligente entre os telespectadores brasileiros. Queremos respeito!

Prescindo das músicas-lixo eivadas de duplo sentido, frases chulas denegrindo a condição humana e aquelas jogando porcarias no ventilador. As gravadoras deveriam acordar para isso e exigir um pouco de circunspecção de seus apadrinhados, não faz mal a ninguém um toque de racionalidade e respeito. Há que se destruir os cds onde essas...essas...coisas mortas no nascituro foram gravadas.

Ah, chega de esmiuçar tanta angústia e de falar das baboseiras de alguns sem necessidade! Não merecem.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 07/07/2009
Reeditado em 30/06/2010
Código do texto: T1686211
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