NUM DOMINGO QUALQUER
Numa fria manhã de domingo, acordo cedo como de costume, passeio pela casa, visito os cachorros, varro o quintal, vou a padaria, comprimento os vizinhos, bato papo com o jornaleiro e volto esperando o despertar das meninas, pra quem sabe, mais tarde, fazermos o churrasco que elas tanto gostam.
Tomo um delicioso café, converso com a minha Graça, e depois me ponho a ler as noticias.
Uma noticia em especial me chama atenção; uma reportagem especial sobre os refugiados e suas historias.
Existem aproximadamente 12 milhões de refugiados em todo o mundo,segundo fonte da ONU, conhecidos também por despatriados, pessoas que vivem( ou pelo menos tentam) jogadas em campos, onde a fome predomina, as doenças são uma constante, e toda sorte de abusos é cometido, principalmente contra as crianças, maiores vitimas dessa verdadeira carnificina.
Nos campos de refugiados são encontrados vitimas de tragedias naturais, epidemias, mais principalmente de guerras, vitimas de confrontos de etnias, de religiões, de tribos, de ditadores sangrentos, de arbitraidades cometidas em nome do poder.
Me ponho a pensar, como sera um dia de domingo pra essa gente?
Como acordar diante de uma realidade sem esperança?
Mais do que tirar suas casas, sua terra, sua patria, mais dificil do que tudo isso é tirar dessas pessoas a esperança, o direito de acreditar que ao adormecer, vira logo o amanhecer, um novo dia, uma nova vida.
Apesar de todo esse sofrimento, exite o esforço e a dedicaçaõ de organizações como OS MEDICOS SEM FRONTEIRAS, A CRUZ VERMELHA, e tantos outros voluntarios que tentam ao menos minizar o sofrimente dessa gente, embora muitas vezes esbarrem em obstaculos dificieis de serem superados; como por exemplo a obstrução de carregamentos de remedios e alimentos feito muita vezes pelo simples fato de que os beneficiarios seriam de tribos e etnias diferentes.
As vezes ouço alguem defender a guerra como saida pra algum conflito ou intolerancia, não da pra imaginar viver assim, não concebo a ideia do caos pra se chegar a perfeição.
Não consigo deixar de comparar minha vida simples, sem nada de extraordinario, com a vida dessas pessoas que simplesmente perderam tudo, lhes restando apenas a fuga, o abandono, o refugio em qualquer lugar que os aceite.
De repente, no meio da minha leitura e da minha viagem, minhas meninas acordam, o alvoroço está formado, a conversa rola e eu volto pra minha simples e doce realidade, sonhando um dia poder ler num domingo proximo, de chuva ou de sol; não importa;
Que os campos de refugiados acabaram, que os despatriados foram recebidos de volta por suas patrias, que as suas casas estavam em pé novamente, que suas crinaças podiam finalmente brincar nas ruas sem medo de pisar em minas, que as familias pudessem festejar as datas comemerativas sem se esconder, que os ditadores fossem pra sempre esquecidos.
E que a diginidade humana prevalecesse, e assim eu poderia me sentir menos incomodado por viver tão bem , e as vezes reclamar tanto.