Faz de Conta...

Me dispo atraves da escrita.

E pelo que aqui está desnudo, ve-se que tenho sofrido dias estranhos. Sim, dias estranhos, dias em que se espera algo sem nome, ou se espera pela espera apenas.

O fato é que as horas encenam a chegada de algo, como uma promessa, como o orvalhar da manhã, que não mata a sede, mas refresca a alma e eu fico gritando em mim mesma, um som que só é audível as minhas celulas, que não me ultrapassa, mas ecoa dentro de meus limites, dizendo:

- Coisa, aconteça!

E quando me canso do desespero dessa ansia, então me entrego sem mais forças e me pego cantando esperando atrair com meu canto essa "coisa", mas ela ainda assim não vem, então a rendição se faz plena e me ponho a orar e orar e orar, pedindo a nem sei quem ou o que:

- Por favor, que essa coisa aconteça. Aconteça coisa, aconteça!

E como nada acontece, só a dor acontece... Eu brinco de faz de conta.

Brinco de faz de conta que você me liga e um imenso riso se abre em meu rosto, já me vejo atendendo e com voz doce e mansa lhe digo da saudade, ou do bem que voce me fazia quando estava aqui, então faço de conta que não sou tão ridicula, e que não estou falando sozinha.

Então eu faço de conta que você me dá um abraço gostoso e dentro dos seus braços sou eu quem tenho de fazer de conta que permaneço inteira e em estado sólido, verdade é que se estivesse em seus braços estaria liquefeita como sempre, mas você não veio, não virá e quanto a textura de teus braços, não a sentirei.

Faço de conta mais tarde que você se senta ao meu lado e partilha comigo um fone e nesse fone uma canção e em tua companhia qualquer canção tem a mania de se tornar sacra.

Faço de conta que chove nos meus dias secos e na chuva faço de conta que nos beijamos e nesse beijo inventado não é necessário fazer de conta que te sinto e então choro, então faço de conta que as lágrimas se meclam com as gotas que Deus lá do alto também chora só pra não me deixar sentir assim tão só e não amada.

Faço de conta que essa tua ausência não está me rasgando por dentro e com uma linha e agulha fingo que consigo costurar minhas feridas e sanar a dor.

Saio por ai caminhando fazendo de conta que vou chegar a um lugar onde você não exista e eu não te precise dessa maneira pra fazer de conta que sou feliz e depois de caminhar bastante fingo que estou perto desse paradisíaco lugar, então faço de conta que ao olhar para o lado vejo um rabisco dizendo: DEUS te ama!

Então faço de conta que conheço esse DEUS intimamente, que sinto o Seu amor e que o Seu amor apenas me é suficiente, é tudo que eu esperava que acontecesse.

Ingrid Fernandes
Enviado por Ingrid Fernandes em 06/07/2009
Código do texto: T1685291
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