O ADOLESCENTE
Neto veio passar as férias escolares em Vitória, ES.
Depois do almoço, sua tia o chamou para fazer uns pagamentos, com ela e o primo.
-A senhora tem certeza que é para eu ir também, tia?
-Claro! É para agilizar! Eu estaciono o carro e cada um vai para um lado!
-Pô, tia, faço isso todos os dias para o meu pai, assim, lá em Minas Gerais. A fila do caixa roda o quarteirão e o sol é, assim, de rachar a cabeça da gente.
-Mas aqui é diferente, meu filho.
-Bem, eu vou, assim, deitado atrás e tem que ligar o ar, viu?
No trânsito.
-Pois é, Neto, sair de casa, nesta hora, não é uma boa, né?
-Não é, mesmo. Antes de ajudar o meu pai, sempre tiro uma sonequinha, assim, de umas duas horas.
-Depois que a gente almoça, dá uma preguiiiiiiiça!
-Preguiça é, assim, o que eu mais tenho, tia.
-Mas em compensação, vamos tomar aquele banho gostoso, quando voltarmos para casa.
-Tia, pelo amor de Deus! Esse trem, não! Tenho horror de tomar banho!
-Neto, é uma chatice tirar a roupa, passar sabonete no corpo, lavar a cabeça com xampu, passar creme, enxaguar, secar e colocar outra roupa, mas é necessário, meu filho.
-Eu acho que não precisava ter esse trem, assim, de tomar banho, não. E o pior não é isso tudo que a senhora falou, tipo assim: ensaboar, lavar a cabeça, enxugar o corpo todo, vestir outra roupa,...
-Não?! Então, o que é pior, Netinho?!
-O pior de tudo é ter que ficar em pé, debaixo do chuveiro.