Vassalos do Amor

Em busca da Morada do Prazer, com surpresa, encontrei na porta que havia nessa mulher, outro destino: o amor.

Eu que peregrinava pelos feudos, em busca de inspiração para as minha trovas sexuais, por vontade própria, tornei-me vassalo dessa Senhora.

Agora, vejam vocês, amigos plebeus, que armadilha o Grande Suzerano, talvez por esquecimento, deixou dentro da gente: somos atraídos um pelo outro por puro apetite da carne e acabamos saciados em algo que vai além da pele.

Desconfio, amigos, que o Grande Poeta sabia que os nossos desejos seriam a ponte para o Grande Amor que une opostos; faz fluir a vida e gera harmonia mesmo em um mundo de tanta dualidade.

Nas Terras do Amor da minha Senhora, encontrei tanto o vinho e o gozo do Reino de Baco e de Dionísio, quanto as canções que saciam o coração e fluem dos Reinos de Vênus e Afrodite; e apesar da minha Senhora nunca ter me pedido para que eu restringisse os meus passos por outros feudos ou deixasse de escrever minhas letras para outras musas; entreguei a minha liberdade a essa Uma, assim mesmo, e prometi que lhe dedicaria todas as minhas letras, meus toques, meus desejos, meus passos e compassos, pois ela é a razão da minha poesia.

Os outros Trovadores que passam por minha janela, caçoam, fazem cantigas de mal-dizer, mas sei que sentem inveja; pois no fundo, todos eles, nutrem um querer, por meio do desejo que atrai os corpos, de serem flechados por Eros e se tornarem também súditos do amor.