"DAS VICISSITUDES DO SER MULHER".

Do feminino nascerá um Ser cunhado ao longo da própria existência que terá por função a feminilidade e o papel de ser Mulher.

Um Ser que trás em si os vínculos e é portador dos desejos ancestrais, ou seja, leva e traz de geração a geração a perpetuação da espécie. Um Ser que abriga em seu colo as funções e os papéis da Família e da Sociedade. Um Ser que de uma forma especial transcende dentro de si os três desejos assim expressados por mim: Os Desejos do Pai, do Filho e seus próprios desejos.

Um Ser que não abre mão da parceria do Outro, e vai à busca de agregar-se a grupos mesmo que às vezes sinta necessidades de estar só, pois entende, naturalmente, que deste modo recupera as forças para continuar a função de integradora da vida.

Um Ser exaltado na música e nas escritas poéticas, mas também muitas vezes execrado na vida, nas culturas e na família. Um Ser por tantas vezes incompreendido de tanto que procuram entender.

A simples condição de nascer do sexo Feminino não é fator ainda determinante para a evolução de uma menina até o apogeu da maturidade, o apogeu do Ser Mulher. Será preciso um longo caminho para que toda menina aflore a Mulher que um dia se tornará. Essa condição nascerá das parcerias vinculadas às Figuras Paternas. Cada uma destas figuras: Mãe e Pai, ao seu tempo, terão papeis fundamentais na evolução da filha. E assim marcada por este tempo e na transcendência das gerações surgirá a Mulher de cada Conceito, de cada Cultura, de cada Organização Social, a Mulher que cada Povo ou Nação necessita.

A Mulher em toda sua singularidade, pode ser vista como uma figura forte e sintonizada com a natureza, pois não costuma curvar-se facilmente às Leis que impulsionam sua existência. Cede quando precisa. Luta quando não se satisfaz. Reivindica quando contrafeita. Desperta para o amanhã. Dorme de olho no futuro. Acorda de olho no presente. Segue como se tudo estivesse sob a égide da Lei maior: A Lei do Ventre Livre.

A Mulher no esplendor da Maternidade fortalece a essência humana, cria a idéia da cumplicidade, do amor incondicional, dá vida ao desejo e deixa-se conduzir sem se perder no caminho da dedicação integral. Não se torna mãe por deixar vir um filho, mas sim pelo reconhecimento deste filho na presença dela. Eu costumo me expressar na idéia de que Não é a Mãe quem nomeia o filho, mas o Filho quem nomeia a mãe. Da simbiose entre eles surge o verdadeiro sentido do amor maior. Do amor marcado pelas experiências de perda e ganho, do prazer e desprazer. Todavia, de um amor que perseguimos de alguma forma por toda a vida em outros colos ou em outros braços.

A Mulher na dinâmica Política e Social tomou para si a primeira iniciativa que desarticulou a Lei de Interdição: ”Não comerás do fruto da árvore do Saber”, comeu e como castigo foi expulsa do Paraíso. Lógico, levou com Ela o seu Companheiro. Não foi sozinha. E podemos pensar que desta ação criou a base para o surgimento das raças, das tribos, dos clãs, das comunidades, da cultura, do casamento e da família e conseqüentemente muitas outras regras de interdições sociais. Aprendeu a suportar e conviver com os sofrimentos originados da sua curiosidade, da sua desobediência, mas mesmo assim manteve um pacto com o Criador: resignou-se ao pecado e deu continuidade às criaturas à imagem Dele, do Criador.

À Luz da evolução humana entendemos que tanto homens como mulheres são partes cindidas um do outro, e que juntos somam forças criadoras. O filho é produto destas forças, é o fruto do Desejo, fruto da continuidade. Um filho também pode ser encarado como o Princípio da Somatória entre a Vida (Eros) e a Morte (Tanatos) e por que não como a ponte que nos mantém unidos a Deus.

Por Graças Costa

Amparo, 07 / 03 / 2009.