CRIANÇA...

 Antonia Zilma:
antoniazilma@hotmail.com

A criança necessita identificar-se nas relações sociais como criança, e não como um adulto em miniatura, como nos tempos medievais, por exemplo. Geralmente, é comum ouvirmos a expressão:

“A criança é o futuro do nosso país”.

E por que não o seu presente? Criança deve viver o seu momento de “ser”.

Penso que há muito que se pensar no presente (e o que se fazer também) pela criança. Repensar as concepções de infância, de criança, refletir até que ponto nós contribuímos para a garantia da acessibilidade da infância às crianças, pois nem sempre a criança desfruta de uma infância; dos seus direitos de viver dignamente, na família, nos tempos e espaços escolares,  e acima de tudo, vivenciar a afetividade e bons exemplos em suas relações, com atuações pertinentes a sua condição de sujeito cultural na historia: brincando, estudando, se situando no mundo como um ser pensante nas interações sociais com as demais pessoas. 

A criança em seu desenvolvimento precisa ter seus direitos de infância assegurados... Embora tenha aparelho biológico, só será um “ser humano” se em seu processo, contar com o apoio de mediadores culturais, por exemplo, pessoas que se preocupem com a formação ética cidadã e que, nas interações cotidianas, proporcionem situações de uma convivência harmoniosa e saudável, o que não é uma tarefa fácil, mas possível, desde que haja responsabilização social, comprometimento e amor as crianças.

Diante das colocações postas, acabei refletindo sobre a quantidade de pessoas que já me disseram que cresceram sem vivenciar uma infância feliz, sem conhecerem sequer os pais biológicos, que tiveram de trabalhar para ajudar, desde criança, na sobrevivência. Por outro lado, também presencio situações de crianças que têm uma infância com direito a família, escola bem conceituada, status, entre outros aspectos... Mas que se sentem reprimidas por realizarem apenas a vontade de seus pais. Como exemplo, nós podemos citar, a questão das escolhas de praticas esportivas, em que muitas vezes, a criança é submetida a praticar uma atividade em que ela não se identifica; pratica tênis, querendo praticar vôlei, por exemplo. A probabilidade disso, na teoria, é de se tornar uma pessoa insatisfeita e infeliz. No entanto, podemos perceber que tem crianças que andam descalças, jogam bola, soltam pipas, não dispõem de status nenhum, mas tem brilho nos olhares e tendem a serem pessoas otimistas, alegres. É, portanto, uma questão muito relativa, mas que merece atenção e um zelo nos procedimentos do adulto para com a criança.

Particularmente, penso que a criança tem capacidade de desenvolver suas capacidades, mas é primordial que em sua base ela vivencie sua condição de ser criança, porque o que associamos nas interações com os outros, durante este processo, de certa forma, interfere na construção de nossos conceitos, nas intervenções políticas sócias que fazemos e na nossa própria formação de “pessoa”, apesar das constantes descobertas e questionamentos que implicam durante todo nosso processo de mutáveis transformações de idéias, valores, cultura... Enfim, em nossa condição de ser humano que interage com o mundo. 
 

                          

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 05/07/2009
Reeditado em 19/09/2022
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