(budista) Aconteceu no museu em Florença
Nos últimos dias de 2006, eu estava na belíssima Florença, na Itália. Durante o meu estágio na Espanha, para visitar outros países europeus, bastava encontrar passagens aéreas promocionais e viajar durante pouco mais de uma hora.
Lá e em Pisa, eu estava sozinho; encontraria minhas amigas em Roma, alguns dias depois.
Entre os tantos lugares que visitei, em um museu ocorreu algo inusitado. Enquanto eu caminhava lentamente entre as obras de arte, senti uma certa vibração. Sabe-se lá de onde, vinha um som muito baixinho, que no início não me chamou muita atenção.
Continuei apreciando as magníficas obras que se exibiam à minha frente. Porém, meus ouvidos continuaram captando cada vez mais forte aquele som, ao mesmo tempo distinto e familiar. Era um som suave em volume e forte em vibração ecoando sutilmente pelo silencioso museu.
A curiosidade transformou minhas orelhas em radares: não só os olhos que foram se arregalando, não.
Por fim, percebi que aquele som vinha detrás de uma porta e... siiiiiim! Ouvi claramente: Nam-myoho-rengue-kyo, Nam-myoho-rengue-kyo...
Sem saber uma palavra em italiano, tentei perguntar à funcionária quem estava lá dentro em espanhol e inglês, mas nada. Ela continuava me olhando espantada. E repeti: “É Nam-myoho-rengue-kyo”. Neste momento, ela entra na sala e chama uma outra funcionária, que segurava a liturgia e o juzu. Foi um momento inexplicavelmente emocionante! Coincidência ou não, acabava de conhecer ali no museu uma companheira da Gakkai.
A comunicação que conseguimos foi de coração a coração, pois as únicas palavras compreensíveis a ambos não eram nem em italiano, nem em português: Gakkai, Gongyo, Daimoku. Mesmo assim, entendi que ela disse que saiu atrasada para o trabalho e fez o Gongyo ao chegar ao museu. Ela também me convidou para conhecer o Centro Cultural da SGI da Itália, mas pelo horário do meu retorno não daria tempo. Ganhei de lembrança o periódico dos jovens chamado “il volo continuo” (“o voo contínuo”).
Naquela primeira e única vez que nos encontramos, já parecia que éramos velhos amigos. Ainda me recordo bem do seu aspecto radiante e da cara admirada da amiga vendo toda aquela cena tão incomum no museu.
Depois disso, enviei-lhe um e-mail, mas não obtive resposta e não tivemos mais contato. Pena.
(Catalão, 05/07/2009)